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Foto do escritorRafael Urquhart

Êxito depende de sofrimento?

Pensei por muito tempo que sim e inconscientemente ainda penso. Não sei o motivo mas existe uma associação no meu raciocínio entre esforço e sofrimento. Colocando a sofrência no degrau de que tem que ser difícil, tem que bater cabeça, tem que experimentar pela dor para prosperar. Tenho ainda em mim que a dor ensina, e muitos aprendizados vem desta relação.

Não sei de onde vem estas conexões, mas sim, olho para meu passado e o êxito APARENTEMENTE foi construído com suor, com força, e com histórias de escolhas X em prol de Y. Olhando para isso parece que na maioria das vezes tive que abrir mão do cuidado comigo, para ir além do limite, deixando muita coisa de lado para atingir os objetivos idealizados. Botando culpa do no não cuidar de mim nas tentações do êxito.

Como falei no inicio, é aparente, é superficial, talvez eu pudesse ter feito de outra forma, talvez outras inúmeras as formas, mas na MINHA PERSPECTIVA foi assim. Na perspectiva de outros pode ter parecido extraordinário ou pode ter transparecido simples, sem esforço, com uma sensível mudança de perspectiva.

Quando percebo essa possibilidade de outras perspectivas gerando outros significados, olho para os mesmos êxitos e busco lembrar os momentos divertidos, as risadas, as realizações, as escolhas de PARA QUÊ estava escolhendo me esforçar, e num passe de magica o que parecia sofrido passa a parecer divertido, histórico, e sem possibilidade de outro jeito.

Ressignificar o que sinto e o que percebo das experiencias de êxito da minha história traz a possibilidade de reconhecer e celebrar sem sofrimento, sem dor. A dor ou sofrimento forma percepções vitimadas superficialmente pelo meu auto julgamento, pela idealização do que não alcancei.

Existem outras possibilidades e formas? Daqui para frente sim…

Do que passou, aconteceu o que tinha que acontecer, e em tudo existiu um aprendizado, e não um sofrimento. A percepção do sofrível, é apenas um ingrediente para alimentar o meu EGO, para engrandecer o merecimento, e encontrar uma causa na dor, e não no feito.

Parece louco, mas minha dificuldade de reconhecer os feitos, refletiu em significa-los como dolorosos, como sofríveis. Talvez inconscientemente para me enaltecer, e tornar a realização maior que a real, e não maior que a idealizada. Talvez o não atingir a perfeição, fez com que minha mente precisasse ressignificar as situações com mais dor para torna-las maiores, e transferir a responsabilidade do feito que era minha, para a minha dor.

Vejo outros espelhando essa forma na minha volta, sei que não é um habito só meu, que livros ensinam que sem dor sem ganho, a mídia talvez coloque isso no cardápio da atração. Mas existe outra perspectiva, sempre existe outra perspectiva.

Como mudar o personagem da percepção?

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