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Como encontrar seu próprio espaço?

Foto do escritor: Rafael UrquhartRafael Urquhart

Difícil quando me pego olhando para estas duas palavras “seu” e “próprio”. As duas remetem a propriedade, a sentir-se dono. Olho para a pergunta e sinto algo com relação a espaço físico, ou a casa, ou a trabalho ou até mesmo com relação a mundo. Encontrar o meu espaço?

Dou uma pausa, no olhar para a pergunta e vou mais fundo nessa necessidade de ter espaço, de ter algo, ou de se sentir tendo. Lembro que quando criança eu tinha os meus brinquedos, e é claro, tinha acesso aos brinquedos dos outros que eram sempre mais divertidos que os meus já que os acessava com menor frequência.

Ao longo do tempo os brinquedos foram mudando, mas o sentido de propriedade, e o sentimento de ter o que é meu foi se aprofundando, em algumas épocas esse ter estava diretamente associado ao ego, principalmente com relação a carros, onde ter um carro bom ou bonito significava algum status de conquista.

Com o tempo esse lado materialista foi diminuindo, não sumindo, o ter deixou de ser o foco e deu lugar ao “ser”, sem deixar de me manter acessando os recursos de que precisava. Acontece que nesse vai e vem do ter para o ser, o sentimento de propriedade retorna misturado ao vias de segurança.

Parece que sentir segurança, relacionado a sobreviver, remete novamente ao ter. Ahh mas se acontecer uma catástrofe, uma crise, algo de muito ruim eu estou seguro, tenho uma reserva, a minha reserva e continuarei sobrevivendo.

Volto a encontrar o meu espaço, trazendo o foco pro ser. Como encontrar um espaço onde eu me sinta bem? Me sinta ao mesmo tempo livre e seguro? Acredito que a pergunta olhada por esta perspectiva me deixa mais confortável em descrever formas de achar ou construir este espaço.

É como se encontrar este espaço onde posso somente ser, faz com que todo o resto aconteça ao natural sem um esforço preocupado em sobreviver. Mas como assim? Então se eu encontrar este espaço onde posso ser eu mesmo as minhas preocupações com sobrevivência e segurança diminuem? Talvez sim, eu diria que muito provavelmente sim, neste lugar onde nos sentimos sendo nós mesmos nossa potência de entrega de valor se eleva e de alguma forma, o meio, ambiente ou pessoas que se absorvem este valor acabam reconhecendo e criando um sistema de cuidado mutuo que nos permite continuar sendo.

Não posso ainda provar que é assim, nem tenho esta pretenção, algumas histórias que vivi permitem descrever esse mecanismo, o engraçado é que isso acontece mais claramente nos ambientes corporativos onde o valor é traduzido em lucros e resultados, com menos relevância “ainda” nos ambientes colaborativos onde valor é percebido no fazer o bem, acredito que existe um fator ainda inexplorado que me permita perceber de outros mecanismos para sustentar este ser.

O que fica claro pra mim, é que muitas vezes buscamos o ser através do ter, em uma relação de dependência do externo, focando no que falta. Me parece que quando o foco se volta para o que somos, e para o que já percebemos em nós como potência, fica nítido que este espaço que buscamos fora esta em nós mesmos, no limite do alcance das nossas mãos e pensamentos.

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