Ontem abri uma conversa, sobre esses 3 horizontes, tão próximos, tão doloridos e tão confusos. Percebo que falar de dinheiro no mundo dói, vivemos nesta pirâmide ganha x perde, que 99% perdem e 1% ganham, e a relação entre essa separação é feita através do dinheiro.
Será?
Por muito tempo liguei o ter ou adquirir dinheiro a percepção de sucesso. O sistema perde x ganha assediou-me numa visão míope de trabalhar mais e mais, para ter dinheiro. Esse trabalho intenso, vinha cercado da percepção de que fui treinado para fazer uma única coisa, que sou pago, e quanto melhor o faço, mais recebo por isso.
Essa engrenagem doentia me trouxe problemas, desconexão, afastamento de mim e dos outros. Criou separações, daqueles que tinham sucesso próximo ao meu, daqueles que não tinham, me afastou de pessoas, e o principal, me afastou de mim mesmo. Já que a percepção que emerge neste sistema é o de que nunca é o suficiente.
Viver essa doença, me fez perceber que dinheiro é um mero canal, um instrumento de portabilidade de outra coisa, a portabilidade de valor. Ao me perguntar, por que raios e quando o dinheiro foi criado? Encontrei alguns por quês e para quês, talvez o primeiro, era para certificar um valor, ou valorizar uma troca que não podia ser feita diretamente.
A segunda e mais importante, é que em algum momento as pessoas precisaram estocar valor, sim estocar, produziam muito valor em um período e pouco em outro, para não desperdiçar o valor dos recursos produzidos, estas o estocavam em um papel que portava valor.
O que assusta é que essa portabilidade girou tanto, que este papel já não reconhece o valor criado em si, ou seja, este $$ que esta na minha mão, já não revela o trabalho de alguém ou o recurso gerado por alguém, essa portabilidade simplesmente virou isto, dinheiro, desconectado do valor que ele transporta.
Em algum momento este tripé foi formado. E de alguma forma acabou reduzindo a percepção de valor, começamos a ter a necessidade de colocar um preço nos produtos, em função do custo que este teve para ser produzido. Não sei se isso é um trauma, mas ao formar preço, transformamos recursos em coisas, em insumos, criando uma separação de olhar para um objeto sem reconhecer o valor do trabalho humano envolvido nele.
Confuso, mas visite uma feira de artesanato, e olhe para o que esta ofertado ali, as primeiras impressões são de quão caro ou barato aquela arte esta sendo oferecida, e não o quanto de valor humano esta empregado naqueles objetos. Esse olhar, de valor versus todo o resto, me faz pensar que talvez devamos retornar a época do escambo, da troca baseada em confiança, do valor percebido versus necessidade presente.
Talvez, e coloco isso no campo de possibilidades, ao ressignificarmos valor, e focarmos no acesso a recursos, possamos trazer cura nas rodas de conversa sobre dinheiro, que deixa de ser importante e perde espaço para o valor das habilidades dos humanos envolvidos na relação.
Como construir valor?
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