Rafael Urquhart
Como o verbo “acreditar” mexe contigo?
Comigo essa palavra vai e volta durante o dia inúmeras vezes e se resume pelo estado de confiança.
Estou vendo uma série no Netflix ( sim, elas me pegaram também ) chamada Os 100, ela retrata uma série de batalhas por sobrevivência em um mundo novo. Num primeiro olhar uma série extremamente violenta, porém me mantive conectado a ela pela observação do comportamento humano retratado. A busca de todos é sobrevivência e paz, mas é incrível como a sobrevivência se sobrepõe a segunda em todos os sentidos em diversos momentos. Alianças são formadas, times, equipes, grupos, clãs, uns contra os outros na maioria das situações. Porém um padrão interessante foi retratado. A frase “eu acredito em você” ou “eu acredito nela” se repete nos pontos altos onde a confiança é fator preponderante frente as escolhas que se apresentam.
Acreditar, confiar, creer, ter fé, fiar o outro ou simplesmente dar crédito. Podia aqui enumerar mais sinônimos em contexto, mas fico com o último por uma simples razão, acreditar para mim é dar oportunidade para que a minha intenção e expectativa se manifeste, ou seja, eu dou espaço, concedo a minha confiança para primeiro para que exista a oportunidade que ela seja validada e realizada pelo outro.
Acreditar pra mim é o primeiro passo de confiança. Claro que é mais fácil acreditar quando o outro chega repleto de respaldo e crédito de muitos, a famosa reputação. Mas pensamos que no inicio esse outro agora carregado de bela reputação também iniciou e precisou de um voto de confiança, um crédito de alguém que acreditou nele. Lembro agora de todas as pessoas que acreditaram em mim. Abriram suas portas, das suas casas, empresas, famílias, negócios, aprendizados e experiências para permitir que eu manifestasse a minha expressão e agisse dentro de um esperado de confiança.
Talvez hoje eu tenha crédito com muitos, por que acreditam em mim em algum momento. Talvez e muito provavelmente existe também aqueles que não acreditam em mim, que não me dão crédito por alguma experiência desagradável no caminho, lembro sempre que não da pra contentar e atender as expectativas de todos. Porém quando falo em confiança estendo sempre o pedido de novas oportunidades para melhorar e quem sabe numa segunda situação acertar caso eu tenha errado ou violado a confiança depositada.
Eu acredito num mundo baseado em confiança, onde a paz preceda a violência no caminho frente a sobrevivência. Que ao invés de combater, busquemos encontrar os pontos em comum que nos aproximam e nos permitem acreditar uns nos outros. Acredito que todos, os bons e os maus, tem em suas histórias manifestações de confiança e intenções positivas em algum nível.
Num cenário de incerteza, num navegar no caos onde sentimos a falta de controle e não observamos a existência de ordem, o verbo acreditar nunca foi tão importante. Entendo que os EGOS mergulhados em disputas de PODER não abrem espaços para o credo, para a confiança. A desconfiança é a tônica, é o fio condutor que opera como padrão no nosso meio. Mas de verdade acredito que em algum momento poderemos perceber que mesmo que seja mais difícil e doloroso, “acreditar no outro” ainda será o caminho mais simples e humano.
Para que a desconfiança?