Não gostei do termo engolido, embora ele seja comum. Talvez me questione como continuar produzindo sem ser paralisado pelo cansaço? Fica mais conectado ao que estou sentindo hoje, uma paralisia plena, dura e incomodativa ao extremo.
Paralisei não pelo cansaço físico, mas pelo cansaço mental da cobrança interna de o que fazer? O que fazer? O QUE FAZER? Cada vez mais alto internamente.
Fazer e continuar fazendo? Talvez.
Diluo minha produção nas coisas que faço para mim e faço para os outros. Em ambas sempre tem uma listinha breve de pelo menos do que quero fazer hoje, se não está escrita está relembrada na minha memória o dia todo. Só que…
Uma pausa para refletir esse “só que”. Ele surge varias vezes o dia, ia fazer algo e então ele surge, pensei em fazer algo e então ele aparece, é quase uma masturbação mental colocando barreiras no fazer.
Parece confuso, este texto quase não saiu, me deparei umas 10 vezes frente a ele para iniciar, na 11º vez que comecei a escrever, e senti que para poder fazer precisava alterar a pergunta, afinal estava me sentido engolido pelo próprio engolir da pergunta. E então ia escrever “só que” precisei mudar o titulo.
Minha cobrança interna tem me cansado tanto que as desculpas internas se multiplicam quase que instantaneamente e diretamente proporcionais. Uma cobrança e uma desculpa. Por algum motivo saio vai criando um ocupar de tempo não produtivo. Não concluo por que não inicio. Não inicio por que estou preso em alguma desculpa interna que me paralisa.
…posso fazer agora? Posso iniciar? Posso reduzir ou segmentar a ação com maior número de pontos de controle e completude. Posso me sentir produzindo e entregando, com menos peso e cobrança reduzida. Posso driblar a procrastinação, desviar a paralisia e confundir o cansaço transformando-o em fonte de reflexão.
Canso por que não estou treinado o suficiente, canso por que estou querendo imprimir um ritmo fora do meu ritmo. Aumentar um pouquinho a cada dia, sem deixar a peteca cair. Entendo que não da para produzir ao infinito, mas da pra produzir melhor a cada dia, mais leve, mais suave sem cobrança.
Por fim identifico onde paralisei, voltar a palestrar e a facilitar me colocou em cheque de por que não continuo. Por que não faço mais? O que falta fazer? Incrível como iniciar me desperta a observação de não parar, mas também de não ter fim. Concluí, entreguei e ponto. Acabou, se sentir que inicio outra coisa ótimo, mas não tem nada além disso na listinha de coisas a fazer.
Sobre o como, mais uma vez preciso me dedicar a ser leve comigo, reduzir o tamanho das tarefas para me sentir finalizando mais vezes. Como contexto, estou a 30 dias para retirar um cercado do pátio de casa, não conseguia fazer o todo por que era muita coisa a ser feita, decidi celebrar a retirada de cada parafuso ao desmontar esta cerca, , um a um, celebrar a etapa de que a cerca não esta mais fixa e já pude muda-la de lugar, ainda falta é claro dar um destino interessante para ela, mas varias etapas já foram produzidas, celebradas e percebidas, não me deixando engolir ou ser paralisado pelo cansaço de pensar sobre isso.
Qual a coisa mais importante que precisa ser feita agora?
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