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Foto do escritorRafael Urquhart

Como se colocar a serviço?

Para mim, por enquanto, apenas trabalhando o ser.

Tenho me cobrado muito sobre a forma de me colocar na situação atual. Em algum lugar interno tem uma vozinha me dizendo a todo instante que preciso fazer algo. Alguns amigos me procuram incentivando, mas também preocupados pra saber como estou. Acho maravilhoso ter essa rede e apoio que simplesmente me liga pra saber como estou se colocando a serviço de mim.

Já venho experimentando um isolamento tem tempo, em outubro decidi parar tudo, focar em uma única coisa, mais distante do que vinha fazendo. Essa escolha envolveu destinar um volume significativo das horas do meu dia confinadas em um espaço único, menos interativo, frente a uma tela, sem equipe para trocar, focado no trabalho presente. Em algum nível isso se tornou uma espécie de confinamento. Fora destas horas de trabalho, uma dedicação a estar em casa, com meu filho pequeno no pouco tempo que tenho com ele. Uma escolha em que o tempo que dedicava a calls, video chamadas com coletivos, participação ativa em comunidades foi substituído pelo ser pai, pai presente.

Essa espécie de confinamento por escolha, com um número reduzido de interações de alguma forma me afastou das entregas e serviços na direção dos coletivos que vinha fazendo até então. Pelo destino todo mundo se viu obrigado ao isolamento, e isso de alguma forma me tocou diferente, comecei a receber oportunidades incríveis de interagir pelo digital com todo mundo, muitos me procuraram para me puxar pra perto, então de alguma forma o isolamento coletivo refletiu em mim na direção contraria me puxando para aumentar as interações só que num volume não saudável e não possível para mim.

Por que contas isso Rafa? Por que por mais que eu tenha escolhido me recolher, me afastar, me esconder talvez. O universo me chama de algum lugar pra fazer algo. Os movimentos na minha volta, os amigos e principalmente esse olhar que minha experiência pode ser colocada a serviço de outros que nesse momento estão confusos e extremamente afetados pelas mudanças de todo o contexto que está acontecendo.

Já interagi mais, já fui onipresente, numa intensidade aparentemente admirável, mas insanamente adoecedora. Da mesma forma já me encolhi, já me escondi na concha do caracol, isolado apenas em observação.

Observar pode ser uma boa forma de se colocar a serviço, dando luz a perspectivas neutras que ninguém esta vendo. De alguma forma estes textos aqui servem nesta direção, somar uma perspectiva a mais talvez não percebida.

A luta interna, do inconsciente e do consciente, o primeiro pedindo um grande movimento e o segundo sendo racional no poupar os “sins” que antes eram infinitos. Como sempre o equilíbrio se mostra mais leve e saudável, grandes movimentos se tornam cansativos e podem se tornar um desserviço por baixa qualidade de presença. Parece que os passos pequenos, no um a um, espelhando a forma como os amigos estão me procurando para saber como estou possa ser um recado do universo, que enviar um oi, colocar em dia o papo com alguém próximo, se colocar disponível possa ser a forma mais simples de se colocar a serviço, independente da escolha do outro e do tamanho incalculável que esse pequeno impacto possa causar.

Como estão as pessoas a tua volta?

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