Interessante e ao mesmo tempo assustador. Acho que não tenho medido mas gostaria de medir. Penso mais um pouco e reflito se estes passos querem dizer o quanto tenho caminhado por dia, sei que existem aplicativos para isso, ou se são passos dados por mim na direção da evolução, passos firmes na minha evolução e vida, ambas ao mesmo tempo.
Estou imaginando agora inúmeras e infinitas formas de medir os meus “passos” e checando internamente se realmente não estou medindo em algum lugar o quanto evoluo, como evoluo trazendo luz ao o que são esses passos. Escutei certa vez de um alemão que tudo aquilo que não é medido não existe. Se não crio formas de medir os meus passos não me percebo caminhando, e ainda assim me questiono, se me percebo caminhando sem medir meus passos, este caminhar existe?
Talvez exista para mim, mas não é visível e percebido a outros, pois eles não estão caminhando junto e não possuem métricas e informações a respeito do que caminhei. Respiro por que o texto parece estar ficando confuso num primeiro momento. E sim está, muito por que me intriga saber como medir meus passos.
Em 2016 conheci um professor na Espanha, Daniel Medina, que me apresentou um gráfico da sua caminhada, ele media duas coisas sobre seus passos, felicidade (como se sentia) e remuneração (o quanto era reconhecido em dinheiro). Parecia interessante olhar pra caminhada dele, olhando pelos selos/logos que ele passou e como estavam estas duas medidas. Não por nada copiei o modelo acrescentando anos e valores. Toda vez que me apresento em uma palestra mostro esse gráfico e de alguma forma isso mede minha caminhada, mas não mede meus passos.
Me faltam registros, documentação dos passos dados. Talvez antes de medir, seria mais simples eu me perguntar como registro meus passos, por que se nem sequer registro parece impossível querer medi-los. Se caminho pela calçada da vida, posso registrar quando, onde, com quem, como e para que caminhei. Neste instante percebo que todas as fotos registradas no meu celular nos últimos 7 anos (sim todas elas são 16411 hoje). Estas fotos guardam memórias da minha caminhada, das coisas que fiz, do que publiquei, do que vivi. Mas ainda assim não medem, apenas registram.
Curioso que refletir sobre o medir, acaba diminuindo por alguns instantes os passos dados. Em quantas cidades morei? Quantas vezes mudei de casa? Em quantas empresas trabalhei? Quantas pessoas conheci? Com quantas pessoas trabalhei? Quanto entreguei de resultado? Quantas pessoas aprenderam algo comigo? Quantas tarefas listadas e realizadas? Tempo médio de realização de tarefas? Quantas horas de sono? Quantas horas de risadas? Quantas histórias? e por fim quantos amigos?
Tudo isso aconteceu, existiram muitos passos nessas perguntas que podiam ter sido medidos através destas perguntas, mas não medi. Muito destas quantidades são subjetivas, ainda é possível um resgate, quando encontro alguém a nostalgia surge como memória dos passos que demos juntos. Ainda penso nesse instante se posso medir sozinho os meus passos, ou se posso pedir ajuda das pessoas que caminharam comigo e perceberam eles através de outra perspectiva.
Estou montando uma linha do tempo, a linha do tempo do Rafa, dividida em seus por hora 6 Setênios, o último ainda em aberto. imagino na minha mínima criatividade uma linha, com datas e muitas histórias que podem ser complementadas, comentadas, e ter pontos adicionados ao se conectarem. Quantos feedbacks possíveis, quantas medidas de passos dados através da perspectiva do outro?
Fico com uma pergunta mais profunda ainda explorando a que motivou este texto.
Como as pessoas do teu entorno percebem teus passos?
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