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E se a profissão fosse só uma ferramenta e não um destino ou área?

Foto do escritor: Rafael UrquhartRafael Urquhart

Preciso refletir sobre minha profissão, aquela a qual pago anuidade no conselho de classe para exercê-la. Lembro que o vestibular era o ato para escolher, foi lá que tive que decidir uma vez, depois por inúmeras vezes pude escolher continuar ou desistir, formei, mas ainda não era a profissão, precisava escolher uma área de atuação, e assim as oportunidades foram surgindo, testei 5 até escolher a área de infraestrutura, me dediquei, investi tempo, me sacrifiquei, mudei entre muitas cidades, passei por inúmeras experiências que me tornaram reconhecido no mercado como alguém capaz de exercer tal profissão até que por um tempo ela deixou de fazer sentido.

Por muito tempo encarei a profissão de engenheiro como uma área escolhida, com situações e desafios que me agradavam e me apaixonavam. Quando trabalhava 15 ou 16 horas em um dia, ou virava as noites para entrega de algum projeto entendia que era um sacrifício por algo maior, por um destino.

O tempo passou e hoje me sinto engenheiro em partes de tempo, já que se autodeclarar engenheiro permite ao outro inúmeras abreviações de quem posso ser, a respeito do meu pragmatismo, das minhas habilidades com números ou resolução de problemas, encarando aquele comentário breve, “engenheiro né”.

Olho para pergunta provocativa e vejo o tempo que operei pelo sistema achando que a profissão me definia, era meu destino, e a área a qual pertenço. E todo o resto? Ainda sinto divisões internas entre mim, o engenheiro e o não engenheiro, como se fosse um ou outro, de forma binária no 0 ou 1, ou é ou não é, fazendo parte de mim.

Lembro sempre da minha profissão quando preencho uma ficha de hotel, é mais fácil, mais natural preencher engenheiro, como se isso me definisse.

Olho para a reflexão e sim, aceito que a profissão é uma mera ferramenta na minha jornada de autodesenvolvimento, o praticar a engenharia forjou em mim características e habilidades únicas que somente a engenharia pode proporcionar. Faz parte de mim, da minha história. Ser engenheiro é parte de quem sou, é ferramenta que me apoia em contextos distintos. Mas longe de me definir, e longe de ser minha única profissão.

Afinal, por que precisamos definir profissões? Para quê escolher uma profissão quando podemos exercer várias? Hoje consigo ampliar o olhar de que por um tempo precisei me enquadrar em uma caixinha específica para me sentir parte, citei o conselho no início, por que não faz sentido eu pagar todo o ano, para uma ferramenta que diz regulamenta algo e tenta proteger. Sim tenta, por quê não tem o que proteger, me proteger de quê, proteger quem me contrata de quê, um órgão que regulamenta confiança. Não quero me ater a polêmica, nem me deter, mas existem órgãos para nos enquadrar ou não em caixinhas, e para isso é só se formar e pagar uma taxa anual, nada mais.

Me sinto alguém com certificados, que me garantem poder fazer o que digo que faço, será que é isso? Se é isso, o ser engenheiro, a profissão que me acompanhou pelo maior tempo é realmente uma ferramenta que me permite um outro olhar sobre o que faço, engenharia não define o que faço, talvez resolução de problemas, inovação, integração, facilitação ou tantas outras palavras para tentar encaixar em algum grupo. O Rafa é único, faz coisas únicas, diferente de outras pessoas, dificilmente alguém vai fazer algo igual ao que faço, pode tentar, mas vai ser diferente. Então por que nos definirmos como iguais se somos diferentes e únicos.

Escolho continuar me chamando de engenheiro quando este couber, ou de especialista quando couber, ou simplesmente alguém que carrega a engenharia e tantas outras habilidades juntas sem busca por definição única de profissão, até por que profissional é aquele que faz o que precisa ser feito, com confiança e ética, independente de como ou de que seja definido.

Qual o tempo para responder uma pergunta?

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