Talvez utópico, mas não existiria o ontem, teríamos que aprender tudo outra vez todos os dias.
Vi meus avós perderem a memória ao ponto de perguntar quem eu era frente a eles, tive a oportunidade de me apresentar a eles varias vezes contanto quem eu era e o que tínhamos feito junto. Quando isso aconteceu, confesso que me sentia triste por não ser lembrado, mesmo sabendo que isso era resultado de uma impotência e de uma degradação física natural.
Fico me perguntando se a qualidade de presença adquirida sem memória não poderia ser descrita de outras formas. Lembro de um filme acho que o nome era “Como se fosse a primeira vez”, em que um casal vivia todos os dias como se fosse a primeira vez que se encontrassem, em função de uma das pessoas sofrer de perda de memória crônica, dormia e apagava toda a memória. Assustador, talvez cansativo, mas todo dia era o primeiro.
Certa vez escrevi sobre o fazer pela primeira vez, e o quão rico é olhar para o dia a dia com essa lente. Quantas coisas fiz hoje pela primeira vez? Sem registros, sem instrução, simplesmente vivendo o presente.
Fico dando voltas aqui olhando para essa inexistência de registros através do olhar positivo.
O que me fez pensar em outras possibilidades foi assistir o tedex da Jill Bolte Taylor que teve a oportunidade de contar a respeito da experiencia de aprendizado de um derrame, vale a pena conferir, amplia a percepção de que mesmo que algo que universalmente uma tragédia pode trazer aprendizados absurdos para nossa existência.
Confesso que gosto dos registros, trabalho para ampliar sua qualidade e não só quantidade, buscando os padrões e aprendizados que eles nos revelam, afinal são os registros que nos permitem transmitir e exponencializar conhecimentos, habilidades e sabedoria.
O que fiz hoje pela primeira vez?
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