Choramos, gritamos de dor, talvez a raiva com relação a algo específico emerja. Nos levantamos sozinhos ou se somos sortudos alguém nos ajuda a levantar, nos distrai um pouquinho e com mais sorte ainda nos ajuda a perceber o aprendizado da queda e o próximo passo para voltar a andar.
O curioso é que não lembramos dos tombos de quando começamos a caminhar, nossa memória de experiência, pelo menos a minha, consegue retornar até uns 5 ou 6 anos de idade. Todos aqueles tombos, erros, tropeços ficam perdidos e não são carregados na memória de experimentação.
Agora é incrível como todos os tombos, tropeços e erros que cometemos na fase adulta, por algum motivo custam a sair da memória, e as vezes ficam lá guardados para atrapalhar.
Observando meu filho que esta prestes a caminhar sozinho, o amado Benjamin, percebo a frequência de grandes tombos neste exercício de equilíbrio pessoal. A missão dele neste momento é se colocar em equilíbrio, como se a minha até hoje não fosse também. A cada movimento, rebolado, mover de músculos algo novo é descoberto as vezes a favor, as vezes contra este sonhado equilíbrio. E entre um e outro mais uma caída, mais um grito de dor.
Creio que algumas caídas são tão fortes que a força para se levantar parece impossível, se desistimos ela fica intransponível, mas se teimamos e acreditamos algo mágico acontece. Olho para o Benjamin e percebo o mesmo, seria mais fácil desistir, mas talvez ele não lembre do tombo e persiste, uma e outra vez até avançar na desenvoltura do equilíbrio.
Por que não repetimos esta persistência? Por que as vezes depois de cair é mais convidativo ficar no chão?
Não tenho as minhas respostas, sei que já cai muitas vezes, e muito provavelmente ainda vou cair infinitas mais. Em algumas das vezes quase desisti, olhei pro lado sozinho e não vi ninguém pra me ajudar, outras vezes até vi mas não me senti confortável em pedir ajuda, afinal queria levantar sozinho. Meu filho não consegue sozinho, ele precisa de alguém para ajuda-lo, por que perdemos esta humildade?
Me envolvo em perguntas, sem sair do olhar do que acontece, acontece tudo isso, raiva, medo, teimosia, solidão e as vezes o mais simples é se deixar ser ajudado, para de pé observar o aprendizado da queda e seguir em frente, se equilibrando lá e cá disponível para a queda dos outros, e aberto a se deixar levantar quando o próximo tombo chegar.
E se o equilíbrio fosse a utopia que nos mantem em movimento?
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