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Por que a não escuta em períodos de convencimentos acaba por nos afastar?

Foto do escritor: Rafael UrquhartRafael Urquhart

Entrei na pilha, me envolvi na DISCUSSÃO, aportei minhas opiniões e perspectivas, quando me dei por conta já não estava mais escutando, não estava mais ouvindo o outro e desconectado deste já estava efetivamente brigando através das palavras disputando espaço e convencimento.

Aconteceu comigo e não foi a primeira vez. Percebo acontecendo na minha volta o tempo todo, nas redes, no WhatsApp, em almoços, reuniões e encontros de turmas.

Me sinto num ambiente polarizado, talvez o que mais facilmente descreva sejam os de esquerda e os de direita, politicamente assumindo lados como os que existiram no muro de Berlin. Não a espaço para um caminho do meio, se critico sou de esquerda, se apoio sou de direita, o discernimento do bem se perde na classificação do lado que nos encontramos.

Sim, não estou satisfeito, acho que ninguém está. Não concordo com o momento atual e também não concordava com o anterior, sou classificado como esquerda por ser do contra agora, mesmo não me considerando dessa forma. E sem a importância de certo e errado, justo ou injusto acabo sendo classificado e caindo num lado diferente quando alguém discorda de como eu penso.

Discordo ou concordo, zero ou um, preto ou branco, certo ou errado, polaridades…

É mesmo necessário defender lados, ou atacar o outro lado?

Acho que não, mas mesmo achando isso, me envolvi em mais uma discussão, que não leva a nada, ou melhor, até leva, nos distanciamos, nos ofendemos, nada foi resolvido, e já não rimos mais juntos, por que não conseguimos conversar com nossas diferenças. Fui ofendido e ofendi, discordei e não me senti escutado e tampouco escutei. Não consegui trazer para o comum que nos conecta, e ficamos somente falando do que nos afasta, por fim o papo foi pro pessoal, e com pedras e escudos os dois lados construíram um muro e não se falam mais.

Nessa polaridade não vou convencer ninguém. Em outro momento também não, o convencimento só leva a poder, sobreposição, razão e culpa a respeito do certo ou errado. Convencer-se também não é positivo, é uma forma estranha de se aprender, deixar-se convencer ou manipular-se.

Sinto que vivo numa cultura de convencimentos, de razão, e me incluo nesse modo padrão de funcionamento. Depois que acontece é fácil olhar e ver o quão inútil é, mas durante o momento, no calor da reação, o cérebro manda comandos de defesa e ataque numa batalha de quem sabe mais, percebe mais, envolve mais, fala mais. É uma disputa dolorida onde já não existe conversa, existe só um debate pra ver quem ganha e quem perde.

No debate o foco é a razão, numa conversa o foco é a construção ou a ação. Parece sutil, mas é muito mais que isso. O que vamos fazer, qual o próximo passo? O que estamos aprendendo?

Essas perguntinhas mágicas podem sim parar um debate, nos fazer acordar da dormência que vivemos uns tentando convencer os outros. Tenho pistas de onde começam a nos convencer das coisas, mas seria obvio colocar culpa na escola ou no padrão da sociedade. Treinados a convencer e ser convencidos seguimos presos nesse tempo de sabidos e salvadores, sem que possamos juntos fazer diferente, para que todos ganhem e saiam felizes de qualquer interação.

Como perceber o caminho do meio?



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