Essa pergunta emergiu em uma dinâmica de cocriação interna da Pulsar, onde em grupo posicionávamos alguns cards e post-its entre dois polos distintos, numa dualidade, por exemplo num extremo objetivo, no outro extremo subjetivo, criando uma régua entre eles.
A palavra régua me vem em mente direto um objeto de plástico tradicional de 30 cm, para outros poderia vir uma medida, a lembrança de algum número, fico com esse instrumento de medida.
Em que limites de medidas tens dançado?
Parece estranho a um primeiro olhar, mas acredito que dançamos em diversas réguas ao longo da nossa jornada. Lembro da escola e me vem presente duas réguas, a primeira abaixo de 7, e a segunda entre 7 e 10. Paro para pensar no meu peso, e a régua começa no horizonte da minha altura, como peso ideal, e se extende até o meu máximo desleixo comigo mesmo.
Assim vou percebendo outras réguas que já dancei e ainda danço
Comunicativo x fechado.
Expontâneo x Prevísivel.
Duro x flexível.
Estressado x Calmo.
Endividado x Investimentos
Triste x Alegre
Se eu continuar explorando a lista, talvez comece a encontrar réguas mais simples e mais profundas, dualidades onde posso dançar e o alvo parece ser sempre o equilíbrio, ou aquele ponto que é bom para mim.
Tem uma régua em especial que ainda me desconforta bastante, colaborativo x competitivo. Volta e meia danço dum lado ao outro, mesmo que preferindo o primeiro. Ainda poderia traduzir esta régua em colaborativo x hierárquico ou colaborativo x egoísta. Em ambas volta e meia preciso dançar para o outro lado, mesmo que involuntariamente movido pelo meu inconsciente.
Quando me percebo fugindo do meu ponto ótimo de régua, preciso parar, pensar, refletir, olhar as alternativas e escolher e me manter fora ou investir energia para voltar pro prumo. Legal surgir este termo. Estar no prumo parece ser uma busca infinita. Prumo que me lembre é uma ferramenta ótima para linearidade frente a gravidade, é o alinhamento vertical, no prumo ou fora de prumo, não tem jeito, é objetivo, ou está no prumo ou não está. Assim são os indicadores do painel de um avião, eles mostram dados objetivos, o piloto é que decide o que fazer a partir deles.
Algumas réguas nos põe presos nessa objetividade, certo ou errado, bem ou mal. Inicialmente é como se não tivesse um caminho do meio, ou uma referencia alternativa.
Certo ou errado em relação a que? Bem ou mal para quem? Quando acrescendo um terceiro fator de referência, o nível de julgamento muda, o impacto da escolha ou avaliação se altera, podendo até mesmo mudar de lado, o que era certo agora pode ser errado perante outra ótica. Isso me da o tom de que talvez as réguas que estamos utilizando nas nossas discussões diárias estejam desatualizadas, fora de contexto, Esquerda ou Direita, PT ou anti-PT, Boso ou Antiboso.
Que outras réguas não estamos percebendo, caio fácil em discussões e atritos em todas as escalas por causa destas réguas que já não nos levam a lugar algum.
Ontem realizando um curso com meu amigo Gui Viegas, tive a oportunidade de medir o meu estado como facilitador em uma régua (modelo extraído da Manifesto 55), foi bacana não cravar algo para o infinito, a pergunta é como me sinto hoje nestas réguas (eram 5), e como gostaria de estar nestas réguas daqui a x anos, com um olhar de futuro. Sem certo e sem errado, nem melhor ou pior. Apenas réguas que traduzem um pouco de mim neste universo da facilitação.
Quando definimos os nossos parâmetros, e identificamos a nossa evolução sobre nos mesmos, saindo da comparação e competição com o outro, o peso das mudanças fica mais ajustável, a culpa se reduz, a motivação aumenta, e por fim, no simples do simples, cada um escolhe as réguas que quer dançar e evoluir.
Ja escolhi as minhas e você? Busque aquelas que te fazem bem, que são possíveis, alcançáveis e que geram benefícios para ti, para a comunidade que te cerca e para o ambiente em que você vive.
O quão difícil é entregar um Feedback?
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