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  • Foto do escritorRafael Urquhart

Quais as sensações de ser pai?

A primeira delas.

Antes de ser pai, ser filho e ser irmão.


Hoje escrevi para o meu pai, e me trouxe uma paz enquanto filho mas uma doçura enquanto pai por todos os pais de sangue que vivi.


Pai

Uma relação que transcende, que acompanha, que está no movimento, na fala, no hábito, na cultura, no sangue.


Te sinto mais perto, e te tenho contigo todos os dias, a cada vez que pego o Benjamin no colo e levo ele pra cama, lembro das vezes que mesmo com 10 ou 13 anos me pegavas no colo eu entre dormido me deixava ser carregado até a minha cama e recebia aquele beijo gostoso de boa noite.

A cada vez que faço isso com meus filhos me lembro de ti. A cada lembrança sobre limites me lembro de ti. A cada palavra que digo pra valer mais que minha assinatura estás nela.


Agente se vê pouco, já atritamos bastante, somos sanguíneos, carregamos alguns trejeitos de fábrica meio broncos, meio bélicos, mas que são só fachadas a frente do nosso amor, doçura e carinho como pais.


Te amo pai, e te amarei sempre, sinto medo de não te ter mais presente, sinto saudade de poder conversar contigo como aquele papo na varanda da simplify.


Sinto vontade de sentar contigo no fim de noite como via tu fazer com o vô Rugby. Lembro dele na poltrona com as pernas pra um lado o corpo pro outro, eu as vezes no sofá de dois lugares, aquele debaixo do quadro da árvore da família, ou na outra poltrona repetindo a mesma posição dele, tomando leite morno e chamando de cerveja, naquele copo plástico antigo com canudinho incorporado no copo. Lembro daquele móvel de ferro com vidro entre as poltronas debaixo da janela com cortina branca. Lembro do cheiro dele, da barba no meu rosto. E sabes sempre que ele foi meu vô favorito, não que o vô Neri não tenha sido, mas quando lembro de amor masculino lembro dele. O vô Neri tbm tinha isso quando se abaixava e virava balanço pra mim, ou quando fazia que ia me pegar.


Que horrible!

Te lava sujeira!


Cada vez que repito lembro do vô, lembro de ti e carrego vcs comigo no meu DNA, sempre.


Me ensinastes que presente se dá todo dia, não espero presentes e não tenho ancia por eles, nem em aniversário nem em natal nem em datas que sei pelos meus estudos que são gatilhos de ansiedade do consumo.


Mas essas datas tbm são importantes pra lembrar o amor em família.


Estou por completar meu 6 setenio humano, o dos 42 quando passo a me colocar a serviço do mundo.

Meu presente de dia dos pais é te convidar pra uma viajem eu e tu, a Montevideo, por uma semana, pra contarmos juntos a tua história, quero escrever quem foi o Henry, saber histórias engraçadas divertidas as tristes que trouxeram aprendizados tbm, quero contar mais histórias do vô rugby pelas tuas perspectivas, gravar em vídeo, em textos, pra que meus netos, bisnetos, ou teus bisnetos e tataranetos tenham registros dos nossos feitos enquanto humanos na nossa insignificância no tempo da existência, já que passamos por aqui 70 anos, os últimos 42 juntos, numa humanidade de 60 mil anos.

Te amo pai, ontem, hoje e sempre.


Não por nada me sentir pai, na jornada de ninho dos meus filhos. Me traz a ternura de que por mais que eu erre, erro dando o meu melhor na direção do amor.


Quais as surpresas que estamos dispostos a aceitar?

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