Não sei a relação, mas a falta ou perda de dinheiro seguidamente é interpretada como uma derrota ou impotência.
Tenho me questionado seguidamente sobre a minha relação com o dinheiro durante a minha existência. Olho pra traz, revejo histórias, revejo conceitos, e olho para o tempo presente, resultado de decisões do passado mas carregadas de novas possibilidades.
Sempre preguei que me ocupava do tempo presente, não deixava de fazer algo em função de grana, mesmo as vezes não a tendo, confiava que ao dever eu iria correr atras e colocar tudo em dia. Por um tempo a equação funcionou, gerava mais valor e equilibrava tudo. Juntei pouco, por acreditar no presente, vivi bem, não me arrependo já que para mim o arrependimento não existe, fica só o aprendizado a respeito das escolhas tomadas..
Não me perco sem olhar para as derrotas, derrotado para mim é aquele que perde para alguém vencer. Para existir um derrotado existe um vencedor. Será? Sinto que muitas vezes me senti derrotado para mim mesmo, e não existia um vencedor no entorno. Bem confuso, reflito mais um pouquinho sobre o sentimento de derrota, talvez nele resida um pensamento de que podia ter feito mais, ou de que não tomei a melhor escolha. A depender da dor da derrota, esta pode ainda carregar culpa, medo ou ainda ressentimento.
Já foi, já perdi. Opa, mas perdi para quem? Não estava competindo com ninguém, como posso ainda me sentir perdedor?
Suspiro na dor de me sentir derrotado, talvez derrotado pelo sistema em escolher o que é certo e não o que me diverte ou me agrada. As escolhas se apresentaram, e engolindo sapos fui pelo caminho que se apresentou, mudando o que precisava mudar, alinhando o que precisava alinhar.
Talvez valor seja a palavra que conecte derrotas e dinheiro, o derrotado não se sente valorizado, assim como aquele que sente a falta de dinheiro também percebe a desvalorização. Sempre coloco que aquilo que não é medido não existe, já conflitei bastante que as vezes o valor é percebido mas não medido. Talvez a derrota seja a metáfora que explica o esforço não valorizado.
Ninguém lembra do 10 colocado numa corrida, mesmo ele tendo gasto energia e completado a prova. As medalhas vão até o terceiro. Só resta o autorreconhecimento e a auto-valorização, a menos é claro que este corredor pertença a uma comunidade com outra perspectiva sobre valor e reconhecimento.
Me sinto confuso ao extremo neste instante, aceito e reconheço tudo que aprendi, mas não cheguei até o final, fiquei pelo caminho, não terminei a corrida. Não sei se desisti ou outro caminho se apresentou no meio. Não chegar, não completar talvez traga esse sentimento de derrota. Somo isso ao fato de não me sentir valorizado nem tampouco neste instante entregando valor, e a derrota parece que fica maior, mais pesada.
Não é lamento, é mistura de dor e realidade. É paralisia em não conseguir observar os pontos altos e outras energias possíveis.
Li recentemente que dinheiro é energia, é somente meio, canal de troca e armazenagem de energia de interação. E por algum motivo, ainda o interpreto erroneamente como premio ou reconhecimento de vitórias. Dinheiro é consequência? De quê? Derrota é sentimento? Para quê?
Deixo em aberto essa relação sutil que confunde, mas aprecio o olhar de que em ambos existe uma relação interna ligada a percepção, somente eu posso sentir e traduzir, ou ressiginificar, da mesma forma somente eu posso valorizar outros valores em canais diferentes do dinheiro, tentando inocentemente me sentir bem nesse fluxo que hora escasseia e hora transborda, na busca eterna de equílibrio, onde derrotas e dinheiro possam passar desapercebidos.
Onde gerar mais valor?
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