O tempo para uma criança passa diferente, minha filha me perguntava se eu terminaria o quebra-cabeças, se o tempo era suficiente, se eu poderia seguir por horas e como ela podia me ajudar pra terminar mais rápido.
Confesso que senti medo, ir ao encontro da minha filha, 3 meses sem vela, e em um estado negativo mentalmente comigo mesmo. Sempre cuidei das boas lembranças e dos bons momentos com ela, e dessa vez tinha medo, não me sentia suficiente para estar na presença e na alegria dela. O quebra-cabeças me ajudou a estar em mim e com ela, e nos conectou pela paciência.
Nesse contato infantil do brincar, me observei a mim mesmo competitivo, com a mente aberta, montando peça por peça, uma depois da outra. Não da para montar todas juntas, o foco em uma é necessário, um passo de cada vez, uma depois da outra, com paciência cuidado e muita experimentação.
Me percebi não cuidando dos passos, querendo atropelar tudo e todos ao mesmo tempo, vivendo um tempo que não é meu, que não dou conta. O quebra-cabeças ainda segue em montagem, assim como eu, mas naquele 18 de abril, me debruçar sobre mini-desenhos cortados, de um mato com cavalos lindos, me fez refletir sobre mim mesmo e o tempo, o quanto me observo, o quanto dou tempo para cada passo.
E assim descobri que a paciência não pode ser medida e também não sentida, só desfrutada. Como o jogo de xadrez, o olhar a observação precisam de tempo. As coisas mais simples estão sempre na frente dos nossos olhos.
E nessa conexão de paciência entre eu e minha filha, fluímos. Foi a forma dentro das minhas energias mentais que pude estar em contato, conectado, rindo e desfrutando de cada pecinha celebrada no lugar certo, reconstruindo uma imagem que um dia foi transformada em quebra cabeças.
Como sair da prisão do embotamento na responsabilidade com o outro?
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