Algo em mim sempre diz que falo mais que escuto. Mas quando escuto, escuto de qual lugar?
Tenho em mim uma necessidade de estar escutando o que o universo quer me dizer, de estar atento a jornada, aos aprendizados pelos erros e acertos assim como recebendo feedbacks sempre que possível. São sinais de uma boa escuta?
Talvez ai exista um ponto de inflexão, aquilo que escuto para utilizar para mim, para aprender, crescer e evoluir ou aquilo que escuto como espelho para aceitar e quem sabe apoiar outros. A escuta com o foco em mim ou com o foco no outro?
Me acostumei a ouvir com o foco em mim, parece que tenho sempre que reagir, que fazer algo, é como se a minha escuta tivesse conectada ao contexto de “responder à”, seja a ação, a pessoa, ao problema, ao erro, ao contexto, ao futuro, ao presente ou ainda ao passado. Por muito tempo escutava os outros e puxava para mim, naquilo que o meu contexto podia apoiar, deixava ressoar em mim pra devolver para o outro.
Quem sabe se a boa escuta não esta ligada a “Neutralidade”, a capacidade de se desconectar do eu e do outro, com foco apenas no momento no contexto presente, sem julgamento sem conselho, sem um concordar ou discordar, talvez com a frieza ligada ao não se importar, mas utilizada de outra forma, com o calor de cuidado do que esta acontecendo agora. Por este viés ou contexto talvez eu já não seja um bom ouvinte, o automático julgador em mim está presente, o Solucionador de problemas esta buscando uma resolução enquanto escuta, entro em ação paralela me perguntando como podemos resolver juntos.
No fundo da verdade talvez eu nunca possa determinar se sou ou não bom ouvinte, afinal a responsabilidade de me retornar isso estará sempre colocada ao outro.
Estou consciente de que bom ou mau ouvinte é em si um julgamento atribuído por outro no contato comigo.
Tenho a intenção clara de me manter aberto, disponível dentro dos meus limites para que os demais me procurem se acharem necessário, oferecendo a minha melhor escuta (seja ela boa ou ruim), simplesmente a melhor, aquela que posso dar imbuindo minha presença e aceitação.
Escolho praticar mais a neutralidade, isolando tudo aquilo que não é sobre mim, ou não reflete quem sou. Deixando que o meu ser se manifeste por si só, sem condicionamentos racionais, de uma forma mais leve e que sim proporcione ao outro um sentimento de boa escuta.
Que jogos você se deixa jogar?
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