Quando a raiva bate forte, como não pessoalizar?
- Rafael Urquhart
- há 6 dias
- 2 min de leitura
As vezes nem respirando.
Pois é, meu temperamento, ranço, forma, jeito não é mais recomendado.
Teve um tempo que falar forte, ser direto, impor medo, e pelo verbo oprimir foi bom. Foi necessário, foi valorizado.
Peguei uma fama por um tempo...não que eu ainda não alimente ela.
"O Rafael resolve, mas um custo pessoal da equipe no limite."
Por um tempo rebati esse conceito, de que as pessoas que já estavam comigo a mais tempo, e trabalhavam em sinergia com meu ritmo ou forma, não interpretavam essa "violência verbal" de forma ruim.
Engano meu, talvez eu não dava espaço pro feedbacks, a imposição de ritmo sobre o outro, a sobrecarga de expectativas frustradas, demonstração de caminhos não vistos, são importantes, mas como dizia o Oswaldo, "A forma informa".
Tem horas que a raiva vem, com a pele em jogo, os prazos apertando, a conta não fechando e meu risco alocado no comportamento alheio, fica difícil não deixar a raiva extravasar.
E nesse ranço explosivo, coitado de quem esta no papel de lidar comigo.
O obvio nem sempre é tão obvio assim. Obvio pela minha perspectiva. Obvio pela espera, pela inação, pela perda de tempo ou valor. Ainda que justificável, ao explodir ou verbalizar a raiva, no segundo seguinte toda razão se esvai. No fim não é sobre ter razão, é sobre cuidar das pessoas se preservando.
Se preservar, sim.
Num mundo dinânico, com tantas incertezas, brigar pela certeza não parece sensato. Digo brigar por que quando extravaso é isso que parece. Uma briga, um fala e não escuta, um força e estica danado que não tem fim, nem resultado.
Percebo que nao pergunta eu não limitei o extravasar, mas limitei em quem fazer isso. Não deixar a carga bater forte em quem estiver na frente, mas sim, tentar trazer lucidez de alguma forma para o problema.
Formas, ferramentas, práticas, respiros, terapia, riso. Não importa a técnica ou a prática, ainda somos humanos com humanos, com pouco tempo para interagir e cuidar.
Mesmo que a temperatura suba, se tiveremos tempo e espaço para nos cuidarmos, o resultado vem. Sim o cuidado pode ser pessoalizado. Nutrir esse cuidado. Trabalhar em colaboração da mais trabalho que trabalhar de forma hierarquica, tem mais conversa, precisa de mais tempo, tem mais cuidado, tem mais nutrir. Claro que gera mais resultado, mas depende da qualidade das interações que acontecem nesse meio.
Por fim, não posso negar a raiva, ela vai vir, ora sim ora não, o que posso fazer é aumentar minha capacidade de presença e sabedoria para suspender, respirar, olhar pra essa raiva com cuidado primeiro em mim, dar vazao pra ela de outra forma que não pelo verbo em direção a o outro. Não é nem sobre falar menos ou agir menos. Talvez é até sobre agir mais, mas com outro viez, o da Calma, da parcimonia, da irreverencia e riso.
Qual o custo da instabilidade?
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