Interessante observar por que minha memória pulou essa aula. Ela está presente no maior período de aprendizagem mas também do que menos me lembro.
Hoje é natural eu dizer se algo esta quente, muito quente, frio, muito frio. Obvio que posso ter um termômetro em mãos, utilizá-lo e ai sim por aprendizado saber exatamente a temperatura.
Recordo aqui que é sobre quente e frio e não sobre a precisão da temperatura. Me perguntei isso vendo meu filho pegar uma xícara quente e se afastar, minutos depois não gostar de uma mamadeira em que o leite estava frio. Talvez antes do quente e frio ele tenha observado se está bom ou não. Afinal se queima não está bom, e muito gelado também não está bom. Com essa duvida de como chega pra ele a informação de quente e frio, percebi que eu da posição de pai era o fato instrutivo, quem esta dizendo pra ele a palavra “quente” e “frio” sou eu, da percepção dele, ele só esta sentindo algo relacionado a temperatura (ele nem conhece essa palavra ainda). Como então ele aprende se ele não conhece?
Parei na hora, pra pensar todas as coisas que aprendi sem conhecer. Ou seja, sem ter base alguma, aprendi algo novo. O barulho do trem e o silencio. Ambos já estavam lá, disponíveis, ruído e não ruído. A dicotomia das coisas parece ser um primeiro ponto a se observar nesse aprender natural. E como se percebo algo ou a ausência de algo, e nessa dualidade se manifesta uma referência. Coloco sobreposta a linguagem, como terceiro fator que da contexto a dicotomia.
Meu papel de pai e também aprendiz é proporcionar o contexto, proteger com os limites, o bordo possível pra que a dualidade emerja. Profundo más humilde frente as vezes que acho que sei o que é melhor, é melhor não cair, ou aprender caindo?
A simplicidade do quente e frio me pegou em cheio, gosto do chimarrão não muito quente, e por vezes uma pizza gelada ainda guarda o seu sabor. Tolero mais o frio que outros, mas me incomodo rapidamente com um calor acima de 30°.
Nesse perceber do saber, saio do posto de quem ensina imediatamente pra quem aprende, com a simplicidade de um ser de 1,5 anos prevendo as dualidades em contextos amorosos.
O que não comuniquei hoje?
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