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  • Foto do escritorRafael Urquhart

Como bloquear a criatividade?

Estando desconectado de si mesmo e do outro…

Não sei ainda ao certo o que é e como é gerada essa desconexão. É algo similar como se meu sexto-sentido tivesse gritando aos berros me avisando que o jogo que estou não é o jogo mais saudável, ou ainda meu corpo dando sinais de fadiga extrema manifestando que o que está acontecendo não esta acontecendo da melhor forma.

Sinto que estes sentimentos são algo como um conflito interno, algo que entra em choque com nossa natureza ou essência e vai crescendo, sem ter espaço pra vazão, consumindo todos o espaço disponível para a criatividade.

Termino o paragrafo e me vem o conceito de memória RAM (talvez isso tenha um conceito mais atual), mas me recordo do quão importante é manter uma maquina com memória de tempo presente o suficiente para rodar os processos necessários. Seria como um espaço na minha cabeça para poder conduzir o tempo presente. Existem vários sistemas rodando o tempo todo, o sistema que respira, o que bate o coração, o que circula o sangue, o que tritura os alimentos, etc… Meu corpo possui uma série de sistemas físicos além de outros ainda mais perigosos ligados a relações, pensamentos e projetos/ações, etodos eles podem estar mais ou menos sobrecarregados, ocupando um espaço da minha “memória” na cabeça.

Se deixo algo aberto, inacabado, esse espaço fica sendo consumido. Se sinto um conflito com algo e não cuido dele, esse conflito começa a crescer aos poucos, imperceptível e vai ocupando um espaço nessa memória que em algum momento se esgota.

Esse se esgotar poder ser num limite extremo de um burnout, ou dar sinais anteriores como por exemplo me sentir não criativo. Não conseguir dar vazão a idéias para lidar com situações problemas e contextos presentes. Não ter espaço suficiente na memória para poder acessar minhas memórias mais antigas (experiências e lembranças) e dar vazão a criatividade de soluções que sou capaz de construir através das minhas habilidades.

Talvez um desses tantos “comos” seja sobre como sustentar e liberar conflitos. Nem sempre o conflito acontece em um lugar só ou de uma forma única, me permito listar aqui algumas variações sobre tipologias de conflitos que percebi ao longo do tempo:


Conflito comigo mesmo gerado a partir de uma ação minha no presente;


Conflito comigo mesmo gerado a partir de uma ação minha no passado;


Conflito comigo mesmo a partir de uma não ação no presente orientada a futuro desejado;


Conflito comigo mesmo ligado a aceitação de coisas que não me fazem bem;


Conflito comigo mesmo de impermanência e repetição de padrões negativos


Conflito com o ambiente, com o sistema, com o modelo


Conflito com o outro, por algo que eu fiz


Conflito com o outro, pelo que o outro fez


Conflito sem nome (sinto algo me incomodando mas não sei descrever…

Interessante deixar esse último em destaque, por que ele é o inicio de todos os demais, em algum momento ele se transforma e transborda ou ainda pior se acumula até estourar.

Vivemos numa sociedade não preparada para conflitos, a palavra tem significados ligados a guerra, a sobrevivência, a defesa e ataque, a vitima e agressor, a culpa e razão. São sintomas de um sistema ganha perde, que diretamente associa o conflito a uma disputa entre um ganhador e um perdedor, onde existem jogos de convencimento e narrativas de redução de si ou do outro, ou ainda de tentativas de mudar a si ou mudar ao outro, sem dar o tempo necessário para o que de fato este conflito tem a mostrar que gere beneficio para ambos.

Olho para o espaço de memória que é bloqueado por conflitos expremendo ou sufocando a criatividade, e percebo que as sobrecargas vem de conflitos em todos os pontos, até mesmo do conflito interno de não fazer os exercícios ou não manter uma disciplina consciente.

Algumas frases importantes que me veem a memória antes de dar mais vazão a essa reflexão de conflitos

“Você tem um conflito contigo mesmo, isso não é bom” “Você tem um conflito comigo? Esse conflito é seu e não meu… “Esse conflito não interessa ao projeto que estamos, lide com ele sozinho” “Senti um desconforto mas por cuidado não quiz trazer a tona para respeitar o todo” “Não quiz trazer o conflito com medo dos resultados que ele podia trazer” “Não falei o que eu pensava por achar que era só eu que pensava isso” “Não trouxe o conflito porque achei que não existia espaço de cuidado para que eu pudesse falar” “Não encontrei espaço para ser escutado e por isso não trouxe o conflito” “Venho guardando a muito tempo, ao ponto de me sufocar e ter que despejar tudo isso agora”

Algumas são minhas, outras são construções pelos desafios que enfrentei ao falar de conflito e enfrentá-lo, ao invés de cuida-lo. Se estamos em coletivo, o conflito de alguém é um conflito de todos, a ser cuidado e olhar por todos, pois ele pode ser um tirano da criatividade coletiva em algum momento.

“Conflitos são a fonte da criatividade”, me disse John Croft

Verdadeiramente o são, e é necessário energia, cuidado e experimentação para aprendermos a sustentar conflitos pelo tempo necessário para que os desconfortos sumam e emerjam novas soluções que abracem o ganha x ganha x ganha, que libertem soluções de bem comum a todos.

As vezes dói, as vezes a forma é bélica (ligada ao modelo sistêmico que temos hoje), mas é uma transição, por traz do bélico (e assumo aqui minha forma não positiva) existe sempre um “para que” positivo, uma intenção positiva, que liberta o nós do eu trazendo o conflito a tona e liberando espaço na memória para a criatividade individual e coletiva.

Como cuidar da energia para sustentar um conflito pelo tempo que ele necessita?

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