Hoje tive a oportunidade de ressignificar o por que escrevo tanto na primeira pessoa.
Fiz alguns TCCs, 6 no total, 5 individuais e 1 em coletivo escrito em espanhol. Em todos eles, ao editar e corrigir recebi a crítica de escrever muito na primeira pessoa. Sempre tendo uma orientação de quem revisa para passar para a terceira pessoa. Pelo que entendi é por que o texto está comunicando ao outro, e no momento da leitura estamos em nós, embora eu sempre achei que a terceira pessoa seria ele ou eles.
Estou editando um livro fruto destas escritas diárias, e a editora trouxe a mesma sugestão em diversos pontos, e fui ler os textos pra entender melhor o que estava comunicando.
Quando escrevo posso ter inferência sobre o que eu acredito, sobre o que eu faço. Quando pulo pro nós ou pro eles, entro numa área que não tenho domínio, assumo pressupostos que não posso garantir nem confirmar, não quero escrever hipóteses afirmativas, é uma escolha.
Quando entro no nós, ou no eles, é por que percebo e escuto de outras pessoas que percebem isso comigo. É um flutuar da minha percepção no que julgo que só posso refletir em mim e não nos outros, até por que não posso saber de todos os outros. Quando alguém está lendo não sei se essa pessoa se inclui no meu nós, e também não sei se ela faz parte do eles.
Quando uso o EU, é por que tenho certeza no momento atual que está em mim. Pode ser que alguém ao ler possa ler o eu e falar para si mesmo, ou deixar solto que isso é do Rafa e não seu, inferindo e decidindo no momento que lê.
Como é separar o eu/nós do eles?
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