Venho me experimentando falar menos, mesmo que me custe e me seja mais difícil. Essa redução no tempo de fala, faz com que eu pense no mais importante que preciso comunicar e ponto. Me faz sentir mais cuidadoso, mais presente, mais conectado com o outro.
Nos momentos em que me percebo falando mais, me sinto por muitos segundos desconectado do outro, com um olhar de distanciamento. Como se o outro se perdesse numa fala minha mais prolongada. No oposto dessa comunicação, escutar com mais atenção e permitir o outro dizer o que pensa me deixa mais leve, mais aliviado, é como se eu estivesse mais disponível.
Hoje tive a oportunidade de ouvir por mais tempo, com um cuidado maior. Me senti atento, por algumas vezes me desconectei e pude checar em mim o que acontecia, o por quê de estar perdendo algo que estava sendo falado por outro, logo me conectava outra vez. Senti varias vezes a vontade de perguntar o motivo da nossa conversa, principalmente quando me perdia no encadear de falas, logo me vinha presente o objetivo da conversa e permanecia conectado, a disposição do outro para ouvir.
O sentimento foi de angustia em alguns momentos por pensar em perguntar ou aprofundar, ao mesmo tempo foi um sentimento de contemplação por ver o outro se sentir a vontade e falar tudo que precisava. Nessa mistura me sentia bem comigo, por suspender temporariamente as respostas que emergiam na minha mente e sustentar a escuta de ponta a ponta focado em como ajudar o outro.
Parece uma narrativa fácil, mas me tomou esforço. Me sinto habituado a falar bastante, a trocar e com poucas oportunidades como a de hoje de ouvir a maior parte do tempo. Fico um pouco chateado de perceber o como isso é difícil, e assim perceber o quanto espaço de fala tenho consumido.
Como me propus o exercício de falar menos, me senti bem comigo mesmo, fortalecido pelo escutar do outro e pela pratica minha na construção de um novo hábito.
Como podemos evoluir através das experiências?
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