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  • Foto do escritorRafael Urquhart

Como me sinto quando o risco bate a porta?

Naturalmente com medo, com muito medo e tudo bem.

Ter medo me da sinais de que algo precisa ser feito, me tira da inércia. O sentir que o risco aumenta e se aproxima de sua realização me coloca em movimento.

Mas como assim? Quando falamos em riscos, são predições, planejamentos ou perspectivas que apontam pra cenários possíveis mas não desejados. Trato risco como aquele pior cenário. Aquele que não gostamos de olhar, mas sabemos que ele existe.

Trabalhei por muito tempo em projetos de alto valor, com altos riscos e com possibilidades de grandes resultados, mas também imersos em quantidades de variáveis tão numerosas que os planejamentos eram revisados de 15 em 15 dias. Quando mensurávamos riscos, os traduzíamos em potenciais perdas, com seus cenários negativos. Sabíamos que se não fossem tomadas atitudes até tal data, esse cenário negativo podia se realizar. Prevíamos inclusive o não controlável, como uma crise financeira, um descompasso político e até mesmo possibilidades de quebra de fluxo de caixa provocados por terceiros. A depender da disponibilidade de dinheiro o ritmo da execução do projeto se alterava.

Por que trago esse olhar focado em projetos? Trabalhei e estudei muito os projetos de outros, de empresas para quem trabalhava. Também trabalhei nos meus projetos assim, até 2013 seguia a risca um planejamento de carreira detalhado, com riscos, cenários catastróficos e cenários positivos que em sua maioria se confirmaram. A partir de 2013 escolhi começar a seguir o que se apresentava, aumentando o risco absurdamente, mas concomitantemente aumentando as capacidades de aprendizado, liberdade e experimentação, com muito pouco planejamento.

Me sinto péssimo quando o cenário ruim se aproxima do pior risco. É um sentimento de que não foi feito o suficiente, de que falhei, ou errei. Cenário já conhecido em muitas fazes da minha vida e talvez de todos nós. Sempre falhamos em algum momento. A idealização faz parte da nossa construção como humanos, quando ela não ocorre, nos frustramos naturalmente e não há nada de mal nisso, faz parte da experimentação.

Ouvi muito no âmbito de negócios que quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganho. Traduzi para o meu universo que quanto maior o risco, maior a possibilidade de aprendizado, e sim, nos momentos mais arriscados da minha vida também foram os com as melhores lições aprendidas.

Quando o risco bate a porta, me sinto com uma capacidade mais aberta para aprender, é como se a proximidade do risco também trouxesse junto uma proximidade de oportunidade, aprendizado e mudança. Nada vem sozinho, e nada acontece por acaso.

Me acostumei a não me sentir bem em zona de conforto, quando fica confortável, deixo de aprender, paraliso e deixo de me divertir. Quando aumenta o risco, aumenta o desafio, fica mais complexo, me da mais tesão e diversão sair dessas complexidades. Não que eu ame riscos, mas eles fazem parte. É como se chegasse no modo hard de um jogo, onde quanto mais difícil melhor e mais divertido.

Recentemente percebi que essa ansia por desafios topando as dificuldades faz parte de uma fase de nossas vidas, onde nos sentimos imbatíveis, mas o tempo vai passando, a capacidade de arriscar vai diminuindo, e segundo a experiência de muitos, vamos chegando em uma idade da vida que já não se pode arriscar muito, pois outros dependem de nós. Ficamos mais comedidos, será?

Os bloqueios mentais sim aumentam, o medo fica mais forte, fico mais paralisado nos meus pensamentos quando observo as possibilidades negativas. Ao mesmo tempo, isso me faz fazer movimentos mais audaciosos, ainda com medo, ainda num processo de autojulgamento e medo do julgamento alheio.

O que acontece se eu contar uma história verdadeira com muita força interna e comunicar para toda minha rede? Fazer um pedido de uma oportunidade de fazer o que gosto e gerar mudanças profundas com capacidade de auto-sustentação? Olho e penso que só tenho a oportunidade de um pedido, claro, profundo e realmente de coração conectado ao que sinto.

Como os outros receberam este pedido? Serei julgado por só conectar pra pedir? Quando foi a ultima vez que pedi? Pedi pra mim ou pra outros? Quantos pedidos preciso fazer, para que uma oportunidade se abra?

Todos esses pensamentos ou questionamentos só são possíveis quando o risco bate a porta, escrevi muito sobre a arte de pedir apoio, saber acessar a humildade e vulnerabilidade de dizer que não conseguimos sozinhos, que sim precisamos de ajuda. Mas ainda assim como humano, parece que meu pedido sempre acontece no ultimo momento, quando o risco já está ali. Até esse momento minha arrogância individualista acredita que posso sozinho, o risco aumenta, e custo a pedir ajuda, pois ainda não sei como ser ajudado.

É no risco que descubro outras oportunidades, e o que na minha essência é vital, que me permita superar estes desafios.

Como lido com a frustração?

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