Talvez a responsabilidade seja uma capacidade de resposta.
Escuto a palavra e me vem primeiramente situações em que prometemos algo, nos comprometemos com algo, e cumprindo esse acordo somos vistos como responsáveis.
Percebo também distorções da palavra, quando associada a controle, regramento e previsibilidade. Alguém previsível, no sentido de controle e ordem, é normalmente considerado como responsável, mesmo que isso implique em ser ditador ou autoritário.
A responsabilidade é normalmente percebida pelo outro. Alguém percebe ou julga a responsabilidade em nós. É um resultado das interações, das relações. Pode até ser resultado da ação, mas bem na verdade é o resultado da relação com quem percebe esta ação afinal.
Podemos ser responsáveis em alguns aspectos e irresponsáveis em outros. Meus colegas de trabalho podem me achar irresponsável por chegar sempre depois das 8, ou também podem me achar responsáveis por entregar tudo que me comprometo. Em ambos os casos existe o julgamento de responsabilidade e não a responsabilidade em si, já que a depender do contexto posso me sentir responsável por escolher chegar mais tarde em prol de outra responsabilidade mais importante não comunicada.
Faço essas analises mais lógicas, levando pro racional, pra percebermos o quão complexo pode ser tentar definir, outorgar, limitar, traduzir ou simplesmente explicar as particularidades do ser responsável.
Como não me parece sentado definir ou entender, volto ao foco da pergunta sobre prática. Se a responsabilidade definitiva é definida pelos outros, será que posso eu mesmo passar a perceber a responsabilidade que habita em mim com meus próprios preceitos, contextos e especificidades?
Me sinto responsável neste momento, cumprindo um acordo que fiz para mim mesmo de iniciar o dia assim. Estou praticando a responsabilidade? Não sei.
Prometer menos, criar menos expectativas, e exercitar esse cuidado de não sobrevalorar o que esperam de mim, também pode tornar mais simples a pratica de responsabilidade. Afinal pra estar responsável basta não assumir compromissos com os demais. Será?
Passo todos os dias por um mesmo corredor de ônibus, que tem pouca ou quase nenhuma circulação de pedestres, é quase um túnel verde. As chuvas, descuidos e desrespeitos espalharam uma série de defeitos entre o verde desse lugar, sim LIXO, plástico e vidro e outras coisas. Passo todos os dias, vejo, observo e continua ali. No meu inconsciente existe uma expectativa que talvez sei lá, 1 vez por ano o departamento municipal de limpeza limpe o lugar. Qual responsabilidade estou praticando nisso? Ahhh mas não fui eu que joguei ali. É mas talvez hoje ninguém possa determinar o culpado por aqueles objetos terem parado ali. Chuva e vento foram distribuindo e eliminando as responsabilidades.
Pensei em sair de casa com um saco plástico a cada dia, perder um minuto ou dois e aos poucos ir arrumando. Será que isso vai me permitir praticar responsabilidade? Vou gostar certamente de um dia passar por ali e estar limpo, mas será que não vou me sentir vitima de ninguém mais estar olhando pra isso e somente eu? Sigo na batida do sistema ou opero de forma diferente? O QUE É MAIS SIMPLES? Continuar reclamando todos os dias esperando que algo mude, ou fazer diferente?
O fazer diferente, no caminho mais simples me parece a resposta mais próxima agora para praticar responsabilidade, somos todos responsáveis, não podemos mudar o mundo, mas 1 minuto por dia talvez já resolva se ao final do mês isso virar meia hora. Comecemos com 1 minuto de pratica de se responsabilizar pelo que é comum, depois quem sabe a resposta mude, mas a pergunta me bate forte que essa prática é diária, temos responsabilidade suficiente distribuída ao longo do dia pra praticarmos, percebermos e evoluirmos em relação a ela.
Qual a boa ação de hoje?
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