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  • Foto do escritorRafael Urquhart

Como seguir quando partes de grupo demandam tempo para equacionar conflitos?

Essa semana tive a oportunidade de participar de duas situações no ponto cego a respeito desse prisma. O grupo precisa seguir trabalhando, e ao mesmo tempo existe um conflito visível que precisa ser conversado e dissolvido para que o grupo continue a caminhada juntos.

É uma necessidade real em muitos lugares, pelas experiências que já tive, e as duas situações foram totalmente distintas em caminhos.

Na primeira situação o conflito aconteceu naquele exato momento, estava quente ainda, as duas pessoas, uma delas eu, estávamos no calor da raiva ou indignação, por não nos sentirmos escutados ou respeitados, ambos, com prismas diferentes de uma situação ocorrida.

Neste caso, alguém intermediou a conversa, propôs uma escuta para a parte que estava mais atingida, todos no circulo trouxeram suas posições e perspectivas sobre a situação. O caminho para a comunicação foi trazer de forma mais leve ponto a ponto duas perspectivas diferentes sobre o mesmo acontecimento, onde as duas são válidas, e ambos os lados tem muito a aprende.

O grupo todo aprendeu, claro a energia abalou o grupo todo, mas com o conduzir do diálogo, a calma reestabelecida, foi possível conversar de um outro nível de profundidade, observando onde mais os padrões ocorridos se repetem, e como evoluirmos para outro nível de conversa num próximo conflito.

Não preciso entrar no conflito em si, a confiança foi reestabelecida, o aprendizado se expandiu não somente aos envolvidos no conflito, mas a todos do circulo. A relação claro ficou um pouco dolorida no primeiro dia, mas no segundo dia, voltou a normalidade com os devidos perdões um relativo ao outro.

Mudo o clima para a segunda situação que aconteceu no dia seguinte, em outro grupo, onde o conflito já havia ocorrido a alguns dias mas não tinha sido conversado. Neste caso as duas pessoas já estavam afastadas (o que é normal na maioria dos casos) sem se falar, e muito magoadas uma com a outra. No segundo caso não houve uma divergência de opiniões em si, mas um dos lados desrespeitou gravemente o outro ferindo alguns valores básicos de confiança.

Neste segundo caso, o grupo propôs algumas formas de dissolução, mas ambas as partes não estavam interessadas em se reaproximar, existia uma abertura ao perdão, mas de forma alguma uma reaproximação, mesmo que por escolhas delas no momento do encontro elas estavam frente a frente no mesmo circulo. Como anfitrião deste circulo, tentamos trazer a tona os assuntos no entorno deste conflito, olhando pra ele e fazendo o convite da conversa, para averiguar quais aprendizados podiam ser extraídos.

Passadas as tentativas iniciais de conversa, não efetivas, conduzimos o grupo a um lugar positivo na memória, desde a infância a atualidade, passando pelos momentos de maior êxito, os mais alegres, as melhores conquistas, os momentos mais divertidos e alegres, afim de mudarmos o foco do negativo para o positivo. Cuidando do grupo foi um movimento interessante de restabelecer a energia de conexão, mas os dois envolvidos no conflito ainda continuaram alheios e distantes.

Ao final separamos os dois, oferecendo uma escuta a cada um individualmente, com um contemplar de todo o grupo, a parte desrespeitada se soltou, se permitiu perdoar mesmo decidindo manter a distância, a confiança foi quebrada e a relação precisa de tempo para se restabelecer. A parte agressora ou desrespeitosa, pela vergonha, ou dor de já ter feito algo que se arrepende, permaneceu fechada, presente no circulo, ciente dos fatos, aberta ao aprendizado, mas imóvel, sem reação. É dolorido pra quem esta no entorno, pra quem divide o mesmo circulo de confiança. Estamos em um ambiente construído para abrirmos nossas faces, tirarmos mascaras e mostrarmos quem somos, o que sabemos e do que somos capazes. A confiança perdida quebra um elo, abre um escape, deixa um buraco, que tem seu tempo pra ser curado ou esquecido. É uma reconstrução, muito mais dura do que uma construção do zero.

Olhar para o segundo conflito, me voltou uma máxima aprendida na infância com meu pai. A confiança uma vez perdida, jamais volta ao mesmo nível anterior, não com um curto tempo. Olho com cuidado pra essa afirmação, e sim a depender do conflito e do estrago seja impossível retornar ao estado anterior. Eu mesmo tenho alguns conflitos doidos até hoje não resolvidos com algumas pessoas, optamos por esquecer e deixar o tempo curar, e tem sido positivo por enquanto.

Quando volto a pergunta, me vem em mente que é preciso sempre seguir, persistir, continuar o caminho. Me veem em mente uma cena de guerra onde alguém ferido não é deixado pra traz, o grupo anda de forma mais lenta, mas juntos, até que o ferido se restabeleça. Dar tempo a necessidade de tempo. Tem o tempo de cada um para lidar internamente com seus conflitos, e é um sinal de respeito olhar com calma, sem apressar, sem acelerar para o tempo de cada um.

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