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Foto do escritorRafael Urquhart

Como suspender nossa necessidade de controle em trabalhos coletivos auto-organizados?

Controlo por que desconfio…

Aprendi essa máxima tem um tempo, vivemos em uma sociedade baseada em desconfiança, e estamos rodeados de processo ligados a controle o tempo todo. Passamos por anos a fio na escola sendo controlados, e consequentemente, pelo menos em mim, temos um dispositivo consciente extremamente controlador.

Ok, é uma máxima que pode não valer pra todos, mas no meu perfil histórico de desenvolvedor, depois engenheiro, depois gestor é natural que o controle seja não só uma habilidade, mas algo que dependendo do contexto também pode ser prejudicial.

Nestes últimos 6 meses experimentei algo extraordinário, iniciar, erguer, experimentar, conviver e praticar um coletivo auto-organizado, a Simplify. Foi duro praticar constantemente o soltar, o não controlar. Muitas vezes me foi inevitável entrar, conduzir e controlar o que estava acontecendo, em outras foi muito duro soltar o controle pra deixar emergir o que tinha que emergir. Confesso que mesmo com 6 meses de prática, minha necessidade de controle ainda é latente, consigo suspende-la por mais tempo, mas ela está ali, presente no meu inconsciente sempre pronta pra agir.

Comecei a perceber no meu entorno que esse disparo não era só meu, e sim de muitos. Talvez um novo padrão, todos temos uma necessidade de controle implantada, que provem talvez do medo, da insegurança, da incerteza ou diretamente da desconfiança.

Como estamos imersos nessa sociedade do controle, estamos todo o tempo necessitando de aprovação de autorização de alguém que controla. Essa aprovação se expande, e começamos também a aprovar e validar as ações de outros. Isso é positivo por algumas perspectivas, mas acaba de certa forma limitando as ações individuais, e a auto-organização fica mais complexa, ao invés de simples.

Sair do controle é difícil, complexo e causa um estranho desconforto. É como se algo não estivesse certo, um pensamento de que tem algo errado. E custamos a sair desse modelo “certo e errado” para um novo modelo onde tudo é possível e podemos ir evoluindo e melhorando aos poucos pelo viés apreciativo.

Volto ao como suspender, escrevi uma vez a frase certa vez, “ressignifique antes de agir”, hoje ela volta ao foco, para um olhar de dar-se tempo, tempo na resposta, tempo na intervenção, tempo ao pensamento do eu já sei, e finalmente tempo para experimentar. Precisamos de tempo para sermos criativos a ponto de suspendermos nossas necessidades de controle.

Esse tempo de suspensão, é no pensamento, é na pratica, é no tempo de mudar cultura. Podem ser segundos numa resposta, horas numa relação, ou anos numa organização. Dar-se o tempo simplificando as coisas é o que tem norteado a minha prática diária de estar sempre atendo quando o controle emerge.

Qual o custo do controle?

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