Um dia em silêncio, falando o necessário, sem confabular, sem reclamar, sem se aprisionar, simplesmente deixar o dia passar.
80% do tempo na poltrona, com distrações da grande tela, pequenos cochilos, olhares pro céu, olhares pro nada, observares no claro e no escuro, simplesmente em silêncio.
Esse silêncio consigo começa a produzir revoltas internas, sussurros, orações, pedidos e intenções. A culpa bate, grita em silêncio avisando que algo precisa ser feito, só que energia só permite que o silêncio seja a ação do momento. É sobre descansar, mas sem descansar. É sobre parar sem fazer nada, mas querendo fazer muito, é sobre observar a si mesmo de um lugar especial sem saber muito no que vai dar, simplesmente estando.
Impossível que não emerjam perguntas começando com “Por que” em tons de cobrança. Difícil não visitar o passado na mente e olhar para os pontos não vistos antes e se perguntar ainda o que foi aprendido ou percebido. No silêncio sozinho ainda é possível escrever, tardiamente sobre a semana, mas ainda em tempo de observar tudo que aconteceu nos detalhes menores e se perguntar, que semana curta, por que não fiz mais?
As perguntas de culpa vão silenciando, e o observar te permite olhar para outras coisas. O que mais já tenho que posso multiplicar? Com quem preciso falar? Quais os canais que ainda não abri? O que efetivamente devo focar? Qual o próximo passo nesse caminhar sem fim? Qual o próximo ponto? Ponto e virgula ou ponto final? Quais pontos de luz preciso focalizar? Onde meu repertório é útil? Quais vagas e necessidades de outros devo olhar? O que não estou vendo?
Hoje quase encerrei o site da Ecoopower, já que veio mais uma fatura de dominio e hospedagem. Não tinha mais olhado, mas existe um tráfego frequente vindo dos EUA sem explicação nenhuma, ai paro, reflito e me pergunto, o que precisa acontecer pra continuar. Olho para outros sites meus em aberto, sem uso, sem movimento, e me pergunto, por que pararam?
Em silêncio observo camisetas, baralhos, palestras, movimentos, cursos e programas, que também de alguma forma pararam. Eu parei, e continuo parado a partir de algumas perspectivas. Deixei muita coisa com ponto e vírgula, sem dar continuidade, e sem passar o bastão. Toda esta observação habita o silêncio que esta em mim. Analisando as palavras que não falei, os movimentos que não fiz, e as cobranças que faço de mim mesmo.
O silencio realmente não silencia, estar em silêncio é um desafio, fazer silenciar o todo é um desafio, o silêncio da voz, infelizmente não é o silêncio da mente. As distrações se acumulam, a pressão aumenta e a cabeça parece que explode de tantos pensamentos.
Talvez quem me lê neste instante possa pensar, o Rafa não está bem, algo esta mal. Sim e não, talvez eu tenha nesse momento mais artefatos e repertórios para refletir, talvez no limiar da loucura e do desconforto existam perguntas ainda não exploradas, e se refletir e perguntar é o que gosto de fazer, até mesmo a insanidade do silêncio e perguntas a si mesmo podem ser sinais de que esta tudo bem no seu caminho e simplesmente o universo me encaminha mais situações para refletir e pensar.
O silêncio traz perguntas e não respostas, minha busca aqui nos textos não são efetivamente as respostas, mas sim a reflexão das perguntas que deles emergem, mesmo que fora do dia a dia, mas num contexto em que o dia está todinho disponível a disposição pare pensar, silenciar, refletir e perguntar sobre de onde vim e para onde vou?
Qual a escolha de ser pai?
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