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  • Foto do escritorRafael Urquhart

E se perder não fosse sobre perda e sim sobre soltar e deixar ir?

Chegamos a este mundo sem nada, sem roupa, sem propriedades, sem títulos e até sem documento.

Ganhamos já de saída, um pai e uma mãe, ou só um deles, uma roupa, por mais simples que seja e um documento.

Por esta ótica de inicio, quando começa o sentimento de perda?

Me pego me perguntando o quanto me preocupo com a perda? De onde vem esse sentimento de posse ou conquista que não pode ser abandonado. Estamos realmente perdendo?

Parece que quando perco me coloco em vitima. Será isso mesmo? Vitima de mim mesmo ou pior, vitima de outros. Consigo perceber a perda talvez por que percebi o ganho em algum momento.

Falo de um lugar de privilégios, e não são poucos. Nasci em uma família estruturada, pai e mãe juntos, avós presentes e próximos, tive um irmão pra dividir as coisas, acesso a escola, não me faltou casa nem alimentação, tampouco educação e ambiente favorável ao meu desenvolvimento. Estudei em escola pública na época em que o ensino era o foco, tive acesso a uma boa formação no segundo grau, cursei faculdade pública quando o foco ainda era o aprendizado. Tive minha carreira, não fui vitima de racismo ou booling extremo, por fazer parte da elite “aceita”, tive boas oportunidades de trabalho, boas experiências de vida, viajei, conheci pessoas e diversos contextos.

A lista de privilégios e ganhos não para por ai, é ainda mais profunda mas assunto pra outro texto.

Me pego pensando se é realmente possível perder. Perder as histórias, os aprendizados, perder tudo? Qual tudo?

A pergunta inicial emergiu num contexto de perder peso, desejo ou vontade que a muito me persegue.

É realmente sobre perder? Fico com a impressão agora, depois de olhar pro nascimento e estar consciente dos privilégios conquistados/recebidos, desconsiderando o juízo de mérito. O que tenho a perder se não a vida, que é o que realmente trouxe comigo quando cheguei aqui?

Acumulei mais histórias que patrimônios. Acumulei ainda mais recursos de conhecimento do que físicos.

Acumulei amigos, relações, culturas e sotaques.

Perco ou solto?

Solto a Engenharia, ou perco a Engenharia? Solto um apartamento ou perco um apartamento? Solto um privilégio ou perco um privilégio? Solto uns kg de barriga ou perco eles? De fato me parece que mesmo que a escolha não seja nossa, podemos aceitar soltar, ao invés de se vitimizar perdendo. Não é fácil, não é nenhum pouco confortável. Mas como tudo, carregando a inversão de perspectiva com mais positividade, o soltar pode liberar espaço e contexto para abraçar o novo.

Quem sabe o que soltar pode nos trazer?

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