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E se pudéssemos registrar todos os sentidos a nossa volta a cada milésimo de segundo?

  • Foto do escritor: Rafael Urquhart
    Rafael Urquhart
  • 20 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Me veio em mente diretamente o “Super Homem” e o “Homem Aranha”.

Vivemos numa sociedade de “Super Heróis”, cada um tentando fazer mais e mais a cada instante, eficiência, produtividade, novas ferramentas, ampliando os sentidos e os fazeres cada vez mais. A tecnologia pode começar a registrar tudo, deixando para os computadores inteligentes mapearem o que é necessário. Mas será mesmo que pode ser positivo ampliar os sentidos a um nível de percepção de super herói.

Fiquei pensando no cenário da minha mente estar registrando, absorvendo e interpretando a velocidade do vento a minha volta, a temperatura, os ruídos como barulho de pássaros ou trânsito excessivo. Pensei ainda nos odores, de sentirmos profundamente para interpretar de que se trata. Some a isso a visão, percebendo cada balançar de folha, girar de roda ou deslocamento de ar ou cor. Pois é, isso tudo está acontecendo agora, na minha volta e um parágrafo é pouco para descrever todas percepções neste tempo inferior a 1 minuto.

Ampliar a capacidade de presença tem sido pra mim uma prática de vida, de sentir mais o agora, de viver mais o presente, de estar atento ao que realmente importa neste instante. Nada em excesso é bom, e talvez perceber sem desfrutar também não seja positivo, imagine você passando próximo à alguém comendo um delicioso sorvete e você não tendo dinheiro para comprá-lo, vale a pena se deter a essa percepção não desfrutável naquele instante? Ou melhor, uma mesa rodada de pessoas de férias bebendo e rindo enquanto você passa por ali indo ao trabalho? Talvez estas percepções não desfrutáveis soem como distrações, ocupando a memória e o tempo que podia ser destinado aquilo que importa, é desfrutável e vale a pena?

Confronto essas perspectivas, para sentir a verdadeira riqueza da capacidade de presença e percepção. Estar presente distância minha mente do passado e do futuro, foca no agora, no essencial, na preciosidade do instante vivido. Com um pouco de prática fui percebendo que não dá pra viver só do presente, não funciona, não é só utópico mas também impossível. Afinal é necessário alguns blocos de tempo orientados a futuro e outros orientados a passado, para que me permitam estar realmente vivendo o presente, é um fluxo de eterno recomeçar.

Me explico, é importante em algum momento do dia eu repassar aquilo que precisa ser feito, gostando ou não, para que a minha capacidade de presença fique ampliada nesses afazeres. Também é importante destinar tempos a revisar, reavaliar, ressignificar e reaprender depois dos feitos, ou seja, posso olhar para o que ja fiz ou vivi, dando novos significados e registrando aquilo que é substancial.

Como exemplo, hoje de manhã, sai distraído, mudei de casa na última sexta-feira, e com essa mudança inúmeros hábitos de registro automático foram quebrados. Não achava a chave, sentia que faltava algo, sai sem levar minha mascara, passei pelo portão de casa e o deixei aberto, voltei para fechar o portão, sai novamente e quando chego ao trabalho percebi que esqueci a mochila com minhas ferramentas em casa, tive que voltar para buscar tudo outra vez. Vivi o presente sem dedicar 2 minutos para ressignificar tudo que eu precisava fazer, olhando para o como eu fazia antes no automático. Parece maluquice, alguns podem achar que estou distraído, esquecido ou desmemoriado. E realmente estou, ando distraído com minha presença, percebendo um pouquinho de mais o presente, sem dar o devido valor aos instantes de preparação para o futuro e ressignificação e registro de aprendizado do passado.

Posso registrar tudo que passa a minha volta, basta comprar uma câmera e uns 10 sensores e instalar ao meu corpo. Não vão servir para absolutamente nada se eu não estiver presente para perceber e também consciente do “Para quê?” isto serve.

Para que registrar os momentos a nossa volta?

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