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  • Foto do escritorRafael Urquhart

Falo sobre pedir…como reages quando alguém te pede algo inesperado?

Ja escrevi algumas vezes sobre estar aberto a pedir quando precisa de algo, temos a falsa impressão de que podemos sozinhos, sendo que os recursos estão na nossa volta, e é só pedir…

Mas de que se trata esse pedir?

Pergunto por que convivemos todos os dias, e tornamos invisíveis aqueles que sobrevivem do pedir. Todo dia alguém nos pede nas esquinas. Na rua, no carro fechamos a janela, na rua cruzamos reto e se? Ouvíssemos esse pedir de um outro lugar, de um lugar do que esta por trás do pedido, e de que outras formas podemos estender o apoio?

Ok, drogas, vicios, roubos, violência…Campanhas como não dar esmola, dar comida…Será mesmo?

Pense na perspectiva alheia, são jogadores de um jogo “ganha x perde” em que sempre foram os perdedores, aprenderam a perder sempre, aprenderam a não ter esperança, a se jogar no vazio do seguir perdendo, então logo “tanto faz” e sobrevivem nesse limbo psíquico esperando e só esperando sem ações de mudança.

Por que entro nesse papo importante, já não estou em Porto Alegre, mas lembro a poucos meses que o número crescente de “pedintes” era exponencial, cada vez mais. Estou no interior do Paraná e é um pouco menos visível porém existente.

Escrevi a poucos dias a situação que pedi socorro, quando estava com o pé debaixo da roda do carro, em situação de perigo e de sobrevivência. E nessa situação soltei o pedir socorro aos berros, e um herói surgiu, do nada, pulou a grade do portão rápido e nunca tendo dirigido um carro automático, tirou o carro do lugar e salvou o meu pé. Já estou 100% não fraturei nada. No mesmo dia procurei o herói e em forma de celebração entreguei uma sexta de chocolates agradecendo e celebrando a atitude dele, extendendo minha confiança para que se ele precisasse de algo, me pedisse…

O campo, o universo e suas sincronicidade, aproxima aqueles que precisam ser aproximados. Este senhor de uns 40 poucos anos, vive em frente a minha casa, numa casa simples, ele sua esposa e filha de 1 ano e 8 meses, vieram do interior do Paraná (não lembro do nome da cidade), um lugarzinho com menos de 5 mil hab, vivendo no campo. E vieram para a cidade, Guarapuava, tentar a vida por aqui.

Me surpreendeu a coragem, a vulnerabilidade dele ao me procurar ontem, e humildemente clarear a situação em que se encontrava, que o dinheiro que trouxe para tentar a vida aqui já havia acabado, que ainda não tinha conseguido um emprego, e estava com dificuldades de alimentar a filha pequena…E nesse cenário ele me fez um pedido de ajuda, de socorro como eu havia feito a ele uma semana atras, um pedido sem necessidade de troca, simplesmente um pedido, como outro qualquer que recebemos e não notamos, ele tinha minha atenção, tinha minha escuta, e sem me dar conta escutei o pedido dele de outro lugar.

Insisti na real necessidade dele, ele me pediu inicialmente fraldas, leite e comida, e insisti pra saber o que ele sabia fazer, com o que já tinha trabalhado no campo, conversamos pouco mas acordamos de ajuda-lo a montar um currículo, e assim encontrar uma oportunidade para ele.

Consegui os insumos para sobrevivência que ele precisava, mas ao responder ao pedido procurei gerar uma ação de fluxo, que não fosse somente um doar (que é importante na sobrevivência e fundamental), que gerasse movimento, ação para além, para um trabalho, e para que de alguma forma ele possa estar bem pra continuar ajudando outros assim como me ajudou.

Voltando a pergunta inicial, minha perspectiva, é de escuta, de conversa, as vezes não percebo, as vezes doo uma moeda, ou faço algo em outro sentido, mas penso, reflito e me reconecto. Sim talvez o melhor retorno a um pedido é ajudar sem perguntas primeiramente, sem expectativas, e depois então estender uma conversa para sentir que fluxo pode ser gerado a partir dali e colocar energia neste fluxo, nessa corrente de colaboração do pedir ao apoiar…

Ajudar ou apoiar? Qual a diferença?

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