As possibilidades se extinguem, ou talvez reduzam drasticamente.
Como vou saber como te apoiar se não interajo contigo, como vou me permitir ser apoiado se também não estabeleço essa conexão em que permito que o novo surja.
Parece simples a uma primeira vista, não interagimos e nada surge, mas existem ainda outras sensações, surge o “e se eu tivesse interagido”, surgem também limites, estafa, capacidade e por fim escolha. Estou a todo instante escolhendo interagir, assim como escolhendo não interagir. E é a qualidade e presença destas escolhas que talvez defina a pluralidade das possibilidades dessa interação.
Estou falando de um lugar de alguém que tem interagido muito pouco, seja com os próximos como com os distantes. Escolhi me guardar, me recolher, me suprimir do volume de interações que vinha tendo nos ultimas anos. Talvez um movimento de contração, cuidado ou um movimento simples de isolamento e paralisia.
Não me sinto interagindo agora, além é claro da possibilidade de alguém ler este texto. Me sinto extremamente isolado, e desse lugar posso perceber com mais clareza o que acontece ao não interagir. Simplesmente não enxergo e não sinto novas possibilidades. Os caminhos ficam repetidos, monótonos e até entediantes. Não vejo novas soluções, não sinto novas alternativas, o campo de possibilidades fica escasso. E consequentemente minha capacidade de empolgação, agitação e energia no fazer também se reduz.
É como que não interagir fizesse que eu interagisse cada vez menos, como um ciclo virtuoso, em que cada vez que voltamos ao mesmo ponto estamos interagindo menos ainda. É angustiante querer e não conseguir, é triste também se sentir distante mesmo estando perto. Fico parado esperando que alguém interaja comigo, e isso acontece cada vez menos.
Paro para sair do negativo, mas por ultimo ainda percebo que ao não estar interagindo acabo também por sonhar menos. Faço força para virar esse jogo, para olhar a parte positiva que isso traz, afinal perceber, estar consciente, escrever sobre isso é em si um aprendizado que não teria se continuasse no mesmo ritmo anterior de interação.
Além do aprendizado, existe também a percepção nítida da necessidade. Preciso interagir, é meu combustível, é dai que tiro forças para fazer mais. Observar isso também é positivo. Por ultimo e não menos importante, não interagir, faz com que a interação comigo mesmo chegue a níveis insuportáveis de volumes de pensamentos, eles se somam se acumulam, invadem o silencio e punem ou julgam a respeito do que eu DEVERIA estar fazendo.
Como interajo menos e assumo menos compromisso com os demais, isso resulta em mais tempo de ócio e contínua paralisia. A maquina fica pesada, a cabeça fica lenta, tudo fica mais difícil, afinal tenho que fazer sozinho.
É, não da pra viver sem a interação humana, ou a iteração humana, me relaciono, testo, me relaciono renovo e algo surge. E assim vamos evoluindo e aprendendo.
Qual a percepção de uma entrega?
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