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Foto do escritorRafael Urquhart

O que acontece quando os “sins” se acumulam?

Coisas inexplicáveis acontecem. Principalmente esquecimento e sobrecarga.

Respondi essa pergunta ontem, lembro que num texto longo, com um contexto complexo e alguns exemplos. Por algum motivo não cliquei no “Salvar e Publicar” e o texto se perdeu. Confio que a situação era pra acontecer dessa forma, afinal pelo que me lembro disse sim pra varias coisas ao mesmo tempo ontem e minha qualidade de presença falhou, falhei comigo mesmo não cuidando de um texto que escrevi.

Podia ter sido outra situação, podia ter deixado uma janela aberta, esquecido algo em casa ou perdido algum compromisso. Isso acontece quando minha presença não é cuidada. É uma espécie de paralisia por excesso de preocupação.

Fiquei um tempo dizendo muitos nãos, me afastei de uma série de círculos, grupos e atividades. Sinto falta de alguns e tenho pra mim que é preciso retomar minha atividade colaborativa aos poucos saudavelmente.

Nos últimos 2 meses disse muitos sins, quem me procurou teve acesso ao que eu podia ofertar, meus recursos sempre estão disponíveis, afinal se gosto de fazer o que falo, me manter acessível é uma constância. O que não quer dizer que eu possa resolver tudo, ajudar todos e topar todas as ofertas e necessidades que surgem. Estar disponível é diferente de ser um super herói. Não da pra dizer sim pra tudo. Minha timeline esta transbordando de coisas legais, os grupos de Whats pipocam convites surpreendentes a todo tempo, e projetos e comunidades que acredito continuam precisando do meu apoio. Só que, infelizmente não cabe tudo isso em 24 horas.

Ontem tive duas situações interessantes.

A primeira, 2 semanas atras aceitei um convite para reenergizar uma comunidade importante para mim. Disse um sim, na intenção de colaborar com os recursos que tenho disponível, não contava que o ritmo intensionado seria muito maior do que eu posso dar neste momento, em 15 dias, rolou encontro em feriado, uma série de ações, e um puxa/empurra danado, no ritmo natural de quem estava a frente do movimento, um pouco acelerado se comparado com o meu ritmo, mas tudo bem, cada um funciona a sua maneira. O que não contava também é que a inércia daqueles que se colocaram a disposição como eu, pudesse causar frustrações por não acompanhar o ritmo. Foi o típico sim, que precisou ser reavaliado, não fui perguntado das minhas disponibilidades de agenda, não contava que seriam conversas quase que semanais e infelizmente não se encaixou no meu tempo, precisei voltar atras e me retirar, me mantendo disponível, mas deixando claro que nessa expectativa criada eu não conseguia atender.

A segunda situação foi também no mesmo período, mas num ritmo mais saudável e conversado, primeiro rolou uma conversa no 1 a 1, me explicando as expectativas, clareando comigo a minha disponibilidade e eu me vendo em papeis que poderia aportar recurso (tempo). Acordamos uma disponibilidade semanal de 2 horas concentradas. E lindamente ontem a noite rolou o primeiro encontro, leve, divertido e extremamente produtivo. Digasse de passagem, facilitado brilhantemente pelos condutores. Em um determinado momento no encontro de ontem, começamos a falar da ferramenta de comunicação que nos conectaria nesse tempo. Percebendo as armadilhas tradicionais que colocamos a nos mesmos, manifestei abertamente que eu não conseguiria dar tempo de atenção alem das 2 horas ja comprometidas, que sim, podia ser acessado e ao meu tempo responder pontualmente. Que sim, em algum momento com disponibilidade e energia poderia entregar mais, mas escolhia não me comprometer, mantendo o comprometimento das 2 horas apenas.

Percebo contando as duas situações, que mesmo que os sins se acumulem, eles podem ser dosados, com alguns nãos. Ser franco, mantendo equilibradas as expectativas se apresenta saudável, estar presente para perceber o que se escolhe dizer sim talvez é o passo mais importante. O aumento dos sins faz com que a qualidade de presença caia e esses sins aumentem ainda mais.

Sobre a pergunta, talvez a reflexão mais simples é a de QUE PERDEMOS QUALIDADE DE PRESENÇA. E com isso, sem presença, passamos a frustrar expectativas alheias a nossa.

O que fazer quando uma pergunta te desconforta?

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