A necessidade de vender associada a pressão de ter que estar com meu conta-giro ligado sendo pago por algo.
Me desconforta o medo de não dar conta.
Me desconforta o próprio desconforto.
Não é simples falar disso, e não me vitimizo por saber que não sofro sozinho, que estamos todos numa corrida de sobrevivência, pelo menos a grande maioria. Sei dos meus privilégios que me isolam num grupo grande mas pouco representativo de pessoas que consegue transformar o seu conhecimento em valor.
Poder escrever sobre o meu desconforto já é em si um privilégio. Ter o tempo necessário para analisar o que esta acontecendo agora não é comum, são poucos que se dão esse tempo e por incrível que pareça neste exato momento isso também me desconforta.
Se pararmos para pensar, observar e respirar, vamos encontrar algo que nos desconforta, e isso pode ser ruim, como pode ser bom, afinal o movimento nasce de um desconforto. Fico preso ao "das" tentando levar meus pensamentos para o que me conforta agora, não para fugir da pergunta, mas para colocar em evidência o extremo. Me conforta o básico, eu e minha família temos onde dormir, o que comer, calor e saúde para passar mais este dia. Isso já me isola de um grande número de pessoas que não tem esse conforto hoje.
O medo é sempre desconfortante, foi através dele que escrevi meu primeiro texto. Mas qual o paralelo do medo que esta associado ao conforto? A confiança? Ou a segurança?
Fico com a última, de que talvez a segurança conforte. A segurança para poder dormir, para poder comer, para poder vestir, para poder experimentar. A segurança do fazer.
Talvez a segurança financeira seja a mais distante e atingível pra um grupo ainda menor, mas será que essa segurança ou esse conforto não está associada a um sistema que já não funciona.
Qual o volume do meu desconforto para mudar o sistema?
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