Ontem fiquei até tarde na beira da lareira.
Olhava pro fogo e dedilhava mais alguma coisa relativa a um planejamento. Olhava pra tela pro fogo e me lembrava de outros momentos que planejei.
Em algum momento fiquei pensando em quantas pessoas já tinha passado frente a um fogo naquela lareira de hotel. Em outro momento comecei a me lembrar de varias vezes frente ao fogo, na casa dos meus pais, nos escoteiros, em cursos, fogões, churrasqueiras e tantos outros lugares onde me coloquei frente a chama.
Olhar profundamente ao fogo me conecta a um outro tempo, ao estalar da madeira que queima, a chama que não tem forma nem direção, e que muda o tempo todo, viva, escolhendo o ar que consome curvando-se em cada direção. A mesma chama que aquece, assa e queima, derrete, consome, faz fumaça, deixa sinais, memórias e aprendizados no seu entorno.
Não tem como não olhar pro fogo e não lembrar de uma roda primitiva de conversa, sem tecnologia, ou melhor, com a tecnologia do fogo. Aquela conversa, próxima, quente, com algo também quente aquecendo o corpo.
E se tomar cafés e conversar fosse a forma mais próxima de comunicar?
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