Uma mistura de impotência com revolta.
A autocrítica vem em primeiro lugar, como uma cobrança eterna de que estou produzindo pouco e poderia produzir mais. Paralelo a isso brota o real sentimento de isolamento, de que estou trocando pouco, doando pouco, recebendo pouco. Esse pouco fica relacionado diretamente a uma expectativa de fluxo que não sei de onde vem, se do inconsciente ou da imaginação.
Paro e reflito que o fluxo que estou falando não é o do dinheiro, muito embora ele seja uma boa medida. É sobre fluxo de realização, medido em potência e bem estar. Sinto forte a impressão de que essa potência só acontece com grandes entregas, e a percepção dessa realização depende desse grande volume, não me deixando perceber das pequenas e simples entregas do dia a dia.
Talvez eu esteja em fluxo comigo, mas sinta que não é este fluxo que desejo. Interagir menos não me satisfaz, eu ja estava isolado fisicamente por ter me mudado, por ter mudado de estado e estar em um novo lugar. Talvez por isso eu não esteja sentindo tanto a mudança de isolamento fisico necessário agora pela Pandemia. Minha rotina mudou pouco, mudou é claro, mas muito pouco. Eu já não me sentia fluindo antes. O lançamento do livro, os contatos, as entregas, permitiram que eu percebesse a diferença do fluir e do não fluir. Como agora posso perceber não só em mim, mas na minha volta também, parece que o sentimento de impotência ficou ainda mais presente.
Respiro, procuro a calma, olho em volta, percebo o vazio, a pouca circulação e parece que assim me sinto no ritmo que precisamos agora, talvez eu estivesse mais preparado, o sentimento que ja era incontrolável em mim, agora é percebido por outros.
Estava encolhido, recuado, achacado ou talvez escondido, preso. Uso o estava por que algo em mim parece que pode mudar isso, busco mais fundo e existe muito insumo, muito conhecimento, muita experiência pra por pra fora, pra colocar em fluxo, como? Não sei. Mas tenho a certeza de que o desconforto de não fluir, pode gerar a ação para que tudo flua normalmente a contento do meu imaginário.
Por onde começar a fluir?
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