Estou vivendo um momento um tanto perdido, me reconectando a pontos em aberto do passado, buscando finaliza-los e ao mesmo tempo com o presente sem direção certa de onde entregar valor.
Me pergunto onde, por ter por um tempo cultivado muitas sementes em muitos lugares diferentes, todas elas se reverteram em aprendizado e experiência, mas cheguei em um limite onde é preciso focar a direção, alinhar os ponteiros, ajustar as velas, mirar no ajuste fino de onde concentrar entrega de valor.
É uma necessidade talvez particular, um sentimento de que preciso concentrar, que ao mesmo tempo é contraditório aos movimentos até aqui em que espalhei valor. Vivi os últimos 5 ou 6 anos, sem muito planejamento, simplesmente fazendo, as escolhas e oportunidades foram aparecendo e fui fazendo. Nesse fazer a entrega de valor foi sendo distribuída, algumas entregas nem eu tenho consciência delas, como alguma dica ou conversa com alguém específico, ou ainda um reflexo remoto de uma ação que ninguém sabe que teve inicio em mim.
Perceber a entrega de valor é tão complexa quanto a escolha de apontar para onde se vai entregar valor. Busco a palavra, e a que me vem é arrogância em pensar que posso escolher, focar ou determinar onde vou entregar valor. É claro que posso arriscar onde acertar, e talvez escolher onde não quero entregar valor. Mas mesmo que eu defina pela negativa é possível que ainda inconscientemente eu entregue algum tipo de valor.
Sem me perder, parte do valor que entrego, ou melhor, a grande parte, não é percebida por mim. Já escrevi algumas vezes que a percepção de valor esta sempre no outro, e só reconhecemos aquilo que nos foi possível perceber por um Feedback, reconhecimento ou troca de energia/dinheiro.
Escolhi em outubro parar, cessar, interromper a entrega de valor distribuído. Parei de buscar novas conversas, me mantive disponível a quem escolheu me acessar, mas ao mesmo tempo me afastei, parei de circular, parei de me colocar disponível na proximidade. Ao mesmo tempo limitei meus tempos disponíveis, aloquei boa parte deles em um novo emprego, no qual ainda não me sinto entregando valor.
Paro e me pergunto onde ou para quem?
Se valor só pode ser percebido pelo outro, não faz sentido perguntar onde, mas sim para quem? Se deixo disponível, aberto, acessível, a comunicação disso parece que perde percepção de valor. Fico refletindo em todo valor entregue e não percebido, ou por não ter um preço, ou por não ser comunicado.
Uma planilha, uma leitura, uma observação, uma reflexão ou um pensamento. Conhecimento, sabedoria ou simplesmente um erro bonitinho. Quanto valor entrego e não percebo? É como João e Maria na estrada largando sementes, não é restrito a mim, acredito que todos nós vamos entregando valor por onde passamos. Mas e aquele valor que quero genuinamente escolher onde entregar? Pois é.
Passado o momento de içar as velas, recolher as mesmas no temporal, passada a noite e a escuridão, me parece momento de repensar, sentir o vento, deixar que ele por si só me leve para novos lugares onde os valores que entrego sejam necessários e percebidos.
Preço para que?
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