A arte de saber pedir…
Fui educado na escola a atingir os objetivos sozinho, assim eram a grande maioria das provas que mediam o que sabia (pelo menos era esta a justificativa das provas), creio que a partir dai, faculdade a dentro fui me objetivando ser auto-suficiente, sem entender bem o que era isso, trabalhava pra gerar $$ para pagar minhas contas, compras, desejos e talvez sonhos.
Essa corrida maluca de ser auto-suficiente, inconscientemente me afastou da percepção da realidade das coisas, me afastando das pessoas que me cercavam. Não me afastou dos amigos, dos familiares, dos conhecidos ou colegas de trabalho ou pessoas do meu circulo. Me afastou das pessoas que me cercavam estendendo o que eu precisava em troca de $$. Não quero me perder no entendimento de que não precisamos de GRANA (ela é só um meio), e que serviços, produtos ou bens são trocados através dela , mas corremos o dia sem perceber quem nos serve, quem nos vende, quem nos ajuda, e assim nesse automático EU PENSO inocentemente que posso tudo sozinho sem perceber os demais.
Me pego com esse olhar, saio da palavra do nós, para perceber que eu muitas vezes cruzo a rua sem olhar para quem me deu passagem em um cruzamento, ou quem me abriu uma porta, ou quem dirigiu o ônibus ou carro em que estava. E na organização que trabalho, muitas vezes inconscientemente adentro a uma sala, passo por pessoas e não dedico sequer segundos de sorriso ou olhar, para retribuir a presença dos demais, numa maluquice automática de resolver o próximo problema.
Revisitei o Seminario Insight I uma semana atrás, pela terceira vez, e uma das novas tomadas de consciência é de perceber o quão difícil é pedirmos o que precisamos, seja um simples abraço, ou uma disponibilidade de tempo de escuta ou até mesmo um gole de água do vizinho de cadeira quando temos sede, conduzo meu tempo sem perceber que muitas coisas posso resolver pedindo ajuda, entro no automático do auto-suficiente, e paro de pedir, meu tempo se torna curto, assumo mais coisas do que posso fazer, e vou pedindo menos e menos, ficando mais atarefado e mais atarefado. Não sei com quantos acontece isso? Imagino que muitos.
Esta semana me permiti pedir mais, voltar a me conectar com mais pessoas, e dividir mais tarefas. Me permiti a observar mais, estar mais presente, e pedir o que precisava, um copo de café, uma carona, um apoio, um tempo para ficar em silêncio. E estando presente nessa arte de pedir, percebi o quão fácil entro no jogo maluco do auto-suficiente e o quão escasso me sinto quando estou nesse lugar.
Me senti abundante ao perceber que muita coisa do que eu precisava estava disponível, era só pedir.
Aprendi com meu amigo Oswaldo Oliveira (saudade), que
“Abundância é ter acesso aquilo que se precisa no momento em que se precisa”
Tudo começa com PEDIR ou de certa forma, se colocar vulnerável e aberto aos que nos cercam para receber. Entendo que meu mundo perceptivel seja menos de 1% da população, que a escassez está espalhada em mais de 99% das pessoa que me cercam. Muito mais que a escassez, a desconfiança esta instalada, é ela que bloqueia que nos torna guerreiros auto-suficientes brigando uns com os outros, nos isolando em escassez. Me pergunto por que não pedimos mais? Por que não nos abrirmos a trocar mais? a viver em colaboração de forma livre sem medos e desconfiança.
Como faço para pedir o que preciso? Na hora que preciso?
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