Escrevi uma vez que tinha um hábito de produzir listas de pendências e do que faltava fazer, minha agenda era atualizada uma vez por semana com todos os itens da lista, que em um determinado tempo iam se acumulando. Era organizado, mapeado, me ajudava a não esquecer das coisas e não perder nenhuma tarefa, MAS, não era saudável, a perspectiva principal era de que eu sempre tava em divida e não dava conta.
Passei a reduzir essas listas, e intencionar situações que quero fazer na semana. Essa atitude aliviou bastante o peso e me tornou mais produtivo, afinal eu intencionada o que eu escolhia fazer com afinco. Nas semanas normais isso corria que era uma maravilha, porém quando a semana tinha mudanças abruptas e eu não completava a lista, voltava um sentimento ruim ainda mais pesado.
Comecei então a intencionar somente para o dia, no tempo quase presente, afinal a semana tem 7 dias, é impossível que eu não consiga atender as expectativas todos os dias.
Assim tenho me mantido mais focado e presente, mas é incrível como algumas listas vão parar no inconsciente. Para exemplificar, assumi o compromisso de escrever um capítulo para um livro, um livro coletivo e colaborativo.. Por ser coletivo é natural que existam datas firmadas para tal. Infelizmente meu mês foi mais conturbado que o normal, minha rotina se alterou bastante, e mesmo que isso pareça uma desculpa, na verdade eu não consegui estar presente com tempo de qualidade para escrever o que precisava ser escrito. Não deu, acontece, expectativa frustrada para mim e com quem acordei a data.
Esticamos a data, me comprometi com novas datas e ainda assim não consegui escrever. Não rolou o tal tempo e a janela de oportunidade para tal.
O ponto é só uma amostragem, mas esse item não sai duma lista de pendências na minha cabeça que tem outros compromissos que firmei data, coloquei marcos, e infelizmente não consegui atender. NÃO DEI CONTA. Não importa se a lista é mensal, anual, semanal, diária ou imaginaria, toda expectativa criada carrega em si frustração ou êxito. Que bom que fosse sempre êxito (para isso é só não assumir compromissos e expectativas), mas não dá, assim como certos e errados, a sensação de não dar conta é apenas uma percepção, posso diminuir ainda mais o peso dela, pois sou eu quem atribui esse peso. E só posso controlar, agir ou mitigar o peso ou importância que dou pra essa frustração.
A pressão é natural, sobrecarregado ou não, afinal escolhi me sobrecarregar. Só que não tem ninguém pressionando, não é caso de vida ou morte, pode ser feito ainda, é só reajustar, realinhar ou reacordar. Só que a pressão que a pergunta explora é sobre a pressão que eu mesmo coloco em mim, como expliquei, somente eu tenho o poder de dosar a importância e a frustração, claro que se mostrar comprometido perante aos outros é importante, prego muito o “faça aquilo que você fala”, e sou categórico em manter o ditado de “que minha palavra tem mais poder e valor do que minha assinatura”.
Reacordar, escolher novamente e as vezes até mesmo abandonar alguns itens da lista, desde que conversados, não faz mal algum, a não ser a mim mesmo se eu não dosar a pressão que coloco sobre os meus ombros quando não atendo minhas próprias expectativas. Tenho me sentido pressionado por mim mesmo, e isso não me faz bem, escolho colher os aprendizados que isso me traz, realinhar, reaprender, reacordar e revisar de modo que eu possa ser honesto primeiro comigo para me manter honesto com aqueles que me cercam.
O que acontece quando os “sins” se acumulam?
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